A comunidade indígena do Araçá, no Município de Amajarí, está sem energia elétrica há mais de 20 dias. O problema é que o gerador que abastece o local quebrou e, apesar dos moradores já terem solicitado solução à Companhia Energética de Roraima (CERR), não há previsão para o conserto.
Na comunidade, aproximadamente 500 índios e não-índios estão vivendo de forma praticamente primitiva. Alguns comerciantes que trabalham na área acumulam prejuízos. Mercadorias que necessitam de refrigeração tiveram que ser descartadas.
Outra preocupação é com a proximidade do início das aulas na escola estadual Raimundo Tenente, que fica na comunidade. Se não houver solução, os alunos terão que estudar no calor e as aulas da noite deverão ser suspensas.
O vereador Emerson Duarte (PT do B) integra uma comissão que foi montada para buscar soluções ao problema de energia na comunidade, que é constante. Ele informou que, no mês de setembro, equipes ligadas ao programa federal Luz Para Todos deram início à ligação de uma rede de energia da vila Três Corações para o Araçá.
Em reunião realizada na comunidade antes das eleições, o vereador disse que o próprio governador Anchieta Júnior (PSDB) se comprometeu em levar energia até a região e firmou compromisso que a obra seria executada o mais rápido possível.
O problema é que, passadas as eleições, mais precisamente no mês de novembro, o serviço que já estava parado foi suspenso de vez. A empresa que estava executando a ligação da rede para a comunidade arrancou todos os postes já fixados e levou os transformadores. O motivo alegado seria a falta de pagamento do serviço por parte do governo.
"Um mês antes da eleição o serviço andou rápido. Mas, passado o período, a obra foi suspensa e a comunidade continua esquecida, sem energia elétrica. Tentamos falar com o próprio governador para ver se solucionava o problema, mas ele nem nos recebeu. O pessoal está revoltado", destacou Duarte.
Para levar a energia até a comunidade do Araçá foram abertos 82 buracos para receber os postes. Apenas 40 postes haviam sido colocados, mas até estes a empresa retirou. O que sobrou foram os buracos de aproximadamente 1,40 metro de profundidade.
"Crianças já caíram dentro dos buracos. Eles já chegaram a perder animais que também caíram e morreram. E agora, além de oferecer perigo para os moradores, os buracos estão acumulando água, sendo foco de mosquitos de dengue e malária", disse o vereador.
Devido aos riscos à saúde e à integridade física oferecidos pelos buracos, os próprios moradores estão tapando alguns para evitar acidentes. "A comunidade tem direito a receber a energia, tem dinheiro na conta do Estado para executar obras do programa. Os moradores estavam sendo alvo de várias promessas durante a campanha, agora estamos cobrando o cumprimento", disse o vereador Emerson Duarte.
A Folha entrou em contato com a assessoria de comunicação da CERR para relatar os problemas, mas não obteve resposta.
http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=102812
PIB:Roraima/Lavrado
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