As perspectivas apontam para um futuro negro, o Município tem tudo para crescer em harmonia
Novos tempos, novos rumos. É assim que pensa o vice-prefeito de Pacaraima, Francisco Roberto do Nascimento. Apesar de toda aura apocalíptica que paira sobre o Município, com a iminente ameaça de retirada de todos os moradores brancos, ele acredita que ainda há esperanças.
Chico Roberto, como é conhecido, faz uma declaração de fé no amplo entendimento. "É tudo uma questão de conversa entre os órgãos envolvidos - a Prefeitura de Pacaraima, Funai, lideranças indígenas, ONGs, Ministério Público e Ibama", diz.
"Conversando, vamos chegar a um acordo que venha facilitar o convívio entre brancos e índios e, assim, alcançarmos o desenvolvimento de nosso Município. Afinal, é isso o que todos nós queremos", declarou.
Chico Roberto cita o retorno muito em breve da comercialização da carne bovina na sede do Município, como uma das facetas que mostram que o entendimento é viável. Por determinação do Ministério Público, essa atividade foi proibida há algum tempo, em razão da falta de condições sanitárias no abate.
A proibição provocou o desemprego de cerca de 100 pessoas que trabalhavam em torno da venda de carne bovina, enfraquecendo até mesmo o comércio local, uma vez que os venezuelanos deixaram de adquirir o produto no lado brasileiro.
Roberto explica que essa situação está prestes a se resolver. Ele costurou um acordo entre a Procuradoria do Estado, Ibama, Funai, Fundação de Meio Ambiente e Secretaria Estadual de Agricultura, e em pouco tempo os açougues voltarão a funcionar. "Hoje nós já temos um compromisso firmado de que a partir do momento em que se fizer as adequações que foram solicitadas, os açougues voltam a funcionar, ainda que precariamente, até que se monte a estrutura definitiva".
Entendimento
Chico Roberto diz que até hoje o que se viu foram queixas e reclamações de todos os lados, mas ninguém, efetivamente, buscou resolver a questão do desenvolvimento do Município, a partir da elaboração de projetos abalizados.
"Desde que tenhamos projetos consistentes, que busquem o desenvolvimento sustentado, poderemos pleitear parcerias em todos os níveis", disse o vice-prefeito, que tem pretensões de concorrer às eleições de 2004.
Ele entende que, com esses projetos em mãos, fica mais fácil convencer as entidades envolvidas a abraçarem a idéia. "Por exemplo, se tivermos um projeto de turismo ecológico numa determinada comunidade indígena, o que não vai faltar é pessoas interessadas em ver como essa comunidade vive, o que gosta de fazer etc.".
Ele acredita que, dessa forma, tanto os índios, como a própria Funai, estarão de acordo com a implementação do projeto, permitindo que haja desenvolvimento de toda a região, calcado na responsabilidade social, onde estarão preservados tanto o meio ambiente como a cultura dos nativos.
"O endurecimento nas relações não serve a ninguém. Hoje, os próprios índios são os mais prejudicados", diz Chico Roberto, ressaltando que, da mesma forma, a população da cidade não tem paz em razão da iminente ameaça de desocupação.
Chico citou como atividade vitoriosa a criação do Pronesp, pelo índio emancipado Alfredo Silva, líder da comunidade de Nova Esperança. Aquela comunidade já está recebendo turistas para suas trilhas ecológicas.
Alternativas
Além do turismo ecológico, Chico Roberto mostra vários outros meios pelos quais o desenvolvimento da região pode se transformar em realidade. Um deles é a criação do pólo produtor de farinha. A comunidade do Sorocaima tem tudo para ser esse pólo.
A Prefeitura de Pacaraima construiu em Sorocaima uma casa de farinha, que está pronta para uso. Mas está parada, deteriorando-se, em razão da falta de entendimento entre os órgãos governamentais e não-governamentais.
Outros veios de desenvolvimento são o artesanato e a criação de porcos. Mas tudo deve partir de um entendimento prévio, onde os índios e as ONGs que os representam, devem ser respeitados. "Afinal, estamos tratando de uso das terras deles. Esse é um fato que não pode ser contestado", destaca Chico Roberto.
"Não adianta nós ficarmos reclamando que a reserva é grande e tal. A reserva está demarcada e homologada e não sou eu quem vai mudar isso. Mas eu não posso ficar de braços cruzados só porque me encontro nessa situação. Resta buscarmos alternativas".
Para o vice-prefeito, cabe à Prefeitura costurar o entendimento entre a Funai, Ibama, Programa São Marcos e demais líderes indígenas, como os tuxauas Galdino e Valcir, entre outros, para se alinhar dentro da maneira deles pensar e, a partir daí, encontrar saídas para o desenvolvimento.
Para finalizar, Chico Roberto disse que as alternativas existem. O que falta é encontrá-las, a fim de que Pacaraima tenha dias melhores, tanto para os moradores brancos como para os índios. "Afinal, essa convivência pacífica já existiu. E eu ainda acredito na possibilidade de entendimento".
PIB:Roraima/Lavrado
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