Indígenas se reencontram após 19 anos

Jornal da Ilha - www.ilhanoticias.com.br - 11/07/2008
A índia Margarida Tsupto de 62 anos não acreditou quando a diretora da Casa do Índio, Eunice Cariry, disse que seu pai de 105 anos viria de Mato Grosso para visitá-la. O encontro aconteceu na última terça-feira, dia 8, quando o velho índio Frede Tsupto entrou na sala acompanhado de missionários católicos e da imprensa. A emoção tomou conta dos dois que se abraçaram e começaram a chorar, depois de 19 anos afastados - em virtude da distância e da condição financeira.

Frede pôde cantar novamente as músicas indígenas abraçado à filha, quando esta era criança na Aldeia de São Marcos, da etnia Xavante.

O encontro foi planejado por religiosos da Igreja Católica do Tanguá - município de Itaboraí, que ao participarem da missão jovem de evange-lização em Mato Grosso, foram à Aldeia de Jesus de Nazaré - remanescente da aldeia de São Marcos -, onde conheceram Frede.

- Fomos assistir a uma missa na Aldeia, e quando um dos índios presentes soube que éramos do Rio de Janeiro, pegou na minha mão e começou a chorar copiosamente chamando pela filha Margarida. Depois mais calmo ele nos explicou que sua filha era deficiente e morava na Casa do Índio na Ilha do Governador e que não a encontrava há muito tempo. Ficamos muito sensibilizados e decidimos que iríamos ajudá-lo no reencontro - conta o missionário Elisson de Souza, que logo após voltar ao Rio, se inteirou da história toda ao visitar a Casa do Índio e fez uma rifa para poder pagar a passagem de avião para Frede.

Margarida veio para a Casa do Índio em 1970, de Barra das Garças - Mato Grosso, por causa de uma deficiência física, seqüela da poliomielite, que a deixou usando muletas, além de outras patologias crônicas que também é portadora.

- Ela é muito querida para nós. Muitos dos índios que moram aqui foram praticamente criados por ela - comenta Eunice, informando que a índia cuidava dos pequenos índios da casa, costurava, passava e lavava roupas, tanto que conseguiu se aposentar pelo INSS, onde ganha um salário mínimo.

Eunice Cariry diz que o pai de Margarida quer levar a filha de volta para a aldeia, porém o índio Jeremias, que é seu irmão e que trabalha na Funai de Brasília, esclareceu que não existe condição de sobrevivência para ela na reserva indígena, em razão da vida rudimentar em que vivem e principalmente dos cuidados especiais dos quais a índia necessita.

Os missionários ainda não sabem o que fazer, pois dentro de alguns dias Frede irá embora e não sabe quando poderá reencontrar a filha.

- Queríamos que Frede ficasse aqui com a filha, mas sei que é quase impossível, porque infelizmente a Casa do Índio não tem condições para cuidar dele, mas gostaríamos que ele desfrutasse um pouco mais da viagem. Só precisaríamos de mais recursos", finaliza Elisson.
PIB:Leste do Mato Grosso

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