Um número expressivo de indígenas da região da Raposa e Serra do Sol e do município do Uiramutã está vindo para a cidade com o objetivo de retirar documentos, receber aposentadoria, auxílio-maternidade, realizar pré-natal e outros tipos de tratamento de saúde.
Somente na casa de apoio custeada pela prefeitura do Uiramutã existem 60 indígenas, segundo informou a prefeita Florany Mota (PFL). "Para nós, essa semana foi uma surpresa porque veio mais gente do que esperávamos. Mas como desceram vários outros caminhões que trabalham na região, tenho informação de que tem muita gente. Não sei quantos", disse.
A informação que chegou à Folha é que esses indígenas teriam vindo à cidade custeados pela Prefeitura com a finalidade exclusiva de tirar título eleitor. A prefeita disse que encara com naturalidade esse tipo de denúncia, uma vez que nesse ano existem eleições. Florany disse que a prefeitura realiza esse trabalho há mais de um ano.
"Pelo fato do Babazinho (Sebastião Silva, marido da prefeita) ser candidato a candidato talvez tenha tido essas especulações", disse. Segundo ela, a cada dois meses dois grupos de índios, em datas diferentes, vêm à cidade retirar a aposentadoria e o auxílio-maternidade. Esse trabalho existe, na opinião de Florany, por ser uma região distante e que não dispõe de rede oficial de banco.
"Acredito que até o próximo mês, quando estiver funcionando o Caixa Aqui, os aposentados que se dispuserem a receber seus vencimentos na sede do município, com certeza será mais fácil, porque diminuirá muito esse transtorno. Acho que é uma coisa que a gente precisa fazer, não vou deixar as pessoas desamparadas", afirmou.
Sem saber precisar números, Florany ressaltou que a vinda desses índios para cidade traz um ônus grande para o Município que tem uma receita pequena. "A alimentação, a Secretaria do Índio ajudou um pouco. Entrei com outra parte e tem pessoas que levam também. O pior é que aparecem tanto políticos por lá, tornando um movimento grande", ressaltou a prefeita ao preferir não apontar nomes.
Segundo a prefeita, se a Funai (Fundação Nacional do Índio) realizasse uma operação cidadania para retirar documentos seria mais fácil e reduziria os gastos e transtornos. Ela diz que essa informação pode ser confirmada com os próprios tuxauas da região.
"Acho que isso (vinda de índios à cidade) está acontecendo em virtude destas falhas. Deveria estar acontecendo uma Operação Cidadania. A Funai é quem dá a certidão de nascimento e a gente precisa dela para encaminhar o auxílio-maternidade e aposentadoria. Tentamos expedir outra vez com o INSS, mandamos documento para a Funai, mas não fomos atendidos", disse, ao mostrar o ofício com data do dia 20 de abril de 2001.
Os índios também vêm à cidade, segundo a prefeita, para fazer exames laboratoriais que não existem no Município. Conforme detalhou, existe aqui uma assistente social para acompanhar esses pacientes.
"Ela facilita a vida deles para que sejam consultados mais rápido", disse, ao enfatizar que a administração dela se preocupa no retorno imediato dos índios às malocas para não atrapalhar a vida no campo.
No entendimento dela, muitos vêm para a cidade em busca de saúde porque o atendimento feito nas malocas pelo convênio do CIR (Conselho Indígena de Roraima) não tem atingindo toda a comunidade.
"Quem sou eu para dizer isso? Mas tenho certeza que se tivesse atendendo - claro que ninguém atende 100% - não teria essa demanda tão grande de gente vindo para cá, inclusive da comunidade do CIR e que a gente não nega o atendimento", acrescentou
PIB:Roraima/Lavrado
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