Comunidade vota no 45 e reelege cacique Karangré

VALOR ECONÔMICO - 06/06/2007
Os candidatos fazem comício, apresentam sua plataforma política e divulgam seus números para que o eleitorado não esqueça na hora de votar. Os números? Karangré Xikrin era o 45. Batata, o motorista, 13. Havia ainda Kopire, 25. Os últimos dias da terceira semana de maio foram dominados por um intenso debate político sobre o futuro das aldeias Cateté e Djudjekô. No fim do mês passado foram realizadas as eleições para as presidências das associações que representam as duas aldeias xikrin. Microfone sem fio em punho, caixa de som, os homens se reuniam de manhã até tarde da noite no ngàbê, um galpão no centro da aldeia, aberto, onde são realizadas as reuniões políticas, cerimônias e os jogos de dominó.

Só os homens participavam. Algumas mulheres, interessadas, ficavam do lado de fora do galpão, apenas ouvindo.
Índios mais velhos, como Botxiê, pai de Karangré e Onkrai, não gostam de participar do debate. Neste ano, os recursos da Vale do Rio Doce e a invasão do ano passado em Carajás dominaram as discussões. Os índios mais jovens do Djudjekô queriam tirar Karangré. Alguns defendiam a adoção de uma postura mais agressiva em relação à companhia.
Outros consideravam que o cacique teria estimulado a invasão, que levou ao corte temporário dos pagamentos da Vale. A disputa levou Karangré a fazer alianças, assim como acontece no mundo dos kuben (brancos). Uma das grandes sacadas do cacique foi o convite para que um membro da aldeia Cateté participasse de sua chapa. Outra, foi a decisão
atribuída ao advogado da associação de que as duas aldeias deveriam votar para a presidência da Associação Kákárekré, que representa apenas o Djudjekô. Nos dois meses em que as aldeias deixaram de receber recursos da Vale e, depois, quando a Cateté passou a receber metade dos recursos a que estava acostumada, a associação Kákárekré
deu apoio à associação Bep Noi, que representa a Cateté. Karangré autorizou a entrega de remédios e de óleo diesel.
Sua popularidade aumentou entre os vizinhos. O resultado? Karangré venceu. Foi reeleito para mais quatro anos. No Cateté, a situação é diferente. Tamakwaré, o presidente da Bep Noi, passou o cargo para Kukrére. Isso significa que
ele vai deixar Marabá e voltar a morar na aldeia. "Na cidade é muito caro. Tem de pagar aluguel, pagar luz, água. Aqui não paga nada", explica Tamakwaré. Entre os planos de governo do novo presidente da Bep Noi está a obtenção de verba da Vale para a construção de mais 20 casas.(RB)
PIB:Sudeste do Pará

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