O Globo, O País, p. 13 - 02/11/2005
Índios armados invadem Carajás e ameaçam parar minas
Cerca de 280 índios da comunidade xikrin, comandados por guerreiros armados, invadiram no domingo o núcleo urbano de Carajás, no Pará, onde vivem os empregados da Companhia Vale do Rio Doce. O objetivo é pressionar a empresa a conceder benefícios aos índios que, segundo os líderes dos xikrin, não estariam sendo atendidos pela Vale. A companhia diz que dá uma série de benefícios.
Armados, os índios ameaçaram fazer novas invasões a instalações da empresa, provocando a paralisação dos trabalhos nas minas da companhia. Uma reunião no fim da tarde de ontem apaziguou os ânimos.
Em nota oficial, a Vale afirmou que a invasão das minas de Carajás, se confirmada, "configuraria um crime contra o interesse nacional, tendo em vista que a produção mineral de Carajás destina-se eminentemente à exportação".
Ainda segundo a empresa, a invasão da vila dos funcionários "foi um desrespeito à propriedade privada, com agravante de se fazê-lo como forma de uma pressão ilegítima para obtenção de benefícios".
A relação entre a Companhia Vale do Rio Doce e os índios xikrin é conflituosa há vários anos. Uma série de benefícios foram acordados entre as duas partes. A Vale diz que entre os pedidos feitos pelos índios nos últimos anos estão um avião bimotor, milhares de litros de gasolina, carros de luxo para os líderes indígenas, a contratação de empreiteiras impostas pelas próprias comunidades indígenas para construção de casas e o pagamento de dívidas contraídas pelos índios junto ao comércio da região. A Vale diz que esses são pedidos estranhos.
Segundo a companhia, em 2005 foram destinados R$19 milhões para programas de apoio às comunidades indígenas localizadas nas áreas de influência das suas atividades nos estados do Pará e do Maranhão. Seriam programas nas áreas de saúde, educação, desenvolvimento e infra-estrutura.
O Globo, 02/11/2005, O País, p.13
PIB:Sudeste do Pará
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