Povos indígenas brasileiros vencem Prêmio Equatorial 2022

Ciclo Vivo - https://ciclovivo.com.br/ - 09/08/2022
Povos indígenas brasileiros vencem Prêmio Equatorial 2022
A Associação Bebô Xikrin do Bacajá e a Associação Rede de Sementes do Xingu são duas das 10 organizações vencedoras do prêmio.

09/08/2022

Em meio ao Dia Internacional dos Povos Indígenas do Mundo, celebrado nesta terça-feira (9), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) anuncia os vencedores do décimo terceiro ciclo do Prêmio Equatorial, que reconhece dez povos indígenas e comunidades locais de nove países, incluindo Brasil.

A Associação Bebô Xikrin do Bacajá e a Associação Rede de Sementes do Xingu são duas das 10 organizações vencedoras do Prêmio Equatorial 2022 selecionadas entre mais de 500 indicações de 109 países. Outros vencedores deste ano são também da Argentina, República Democrática do Congo, Equador, Gabão, Gana, Panamá, Papua Nova Guiné e Moçambique.

O anúncio também marca o vigésimo aniversário da Iniciativa Equatorial, que já reconheceu 264 vencedores até o momento. As organizações vencedoras demonstram como soluções inovadoras baseadas na natureza podem permitir às comunidades alcançar o desenvolvimento sustentável e demonstrar resistência, mesmo em tempos de crises econômicas, ambientais, políticas e de saúde pública.

Os vencedores do Prêmio Equatorial receberão seus prêmios no fim de novembro durante a Nature for Life Hub do PNUD, pouco antes da Conferência Mundial sobre Biodiversidade.

Mulheres indígenas e conhecimento tradicionais

Nesta terça-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu a amplificação das vozes das mulheres indígenas como passo fundamental para alcançar um futuro justo para todas as pessoas.

A mensagem está em consonância com o tema da celebração neste ano, com foco no papel das mulheres indígenas na conservação e transmissão dos conhecimentos tradicionais.

Na mensagem, Guterres ainda afirmou que as indígenas são guardiãs de conhecimentos, sistemas tradicionais de alimentação e remédios naturais, e que sem elas é impossível alcançar equidade e sustentabilidade.

O líder das Nações Unidas também destacou que são as mulheres indígenas que transmitem as línguas e as culturas dos povos indígenas e defendem o meio ambiente e os direitos humanos. Por isso, segundo Guterres, é impossível alcançar equidade e sustentabilidade como previsto na Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável, sem dar voz às mulheres indígenas.

A ONU News ouviu a indígena e filósofa brasileira Cristina Takuá, que falou do estado de São Paulo, sobre a data.

"Se hoje existem florestas, é porque os indígenas são guardiões, grandes sabedores, que dialogam com os espíritos, com as montanhas, os rios, as árvores, com todos os seres, animais, vegetais e minerais. O dia 9 de agosto deve ser lembrado como uma forma de resistência. Uma resistência onde todas as avós, todas as mães, no momento do parto, trazem as crianças ao mundo com uma sabedoria ancestral", afirma Cristina Takuá.

Exploração

Apesar do compromisso internacional para preservar e proteger a cultura e tradições indígenas, ainda existe exploração desses recursos. Em alguns países, objetos sagrados dos indígenas são usados, ameaçados ou patenteados para uso comercial sem autorização.

Para a ONU Mulheres, uma saída é a criação de regimes legais para garantir que as mulheres indígenas possam ser beneficiadas de seu próprio conhecimento com reconhecimento internacional, evitando o uso ilegal por terceiros.

A agência da ONU lembra que a transmissão do conhecimento indígena é passada de geração a geração pelas mulheres como um valor imensurável. Por isso, as mulheres indígenas têm que ser parte do processo de decisão de como sua própria herança é usada, mantida e gerenciada.

Mobilizações no Brasil

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e suas organizações regionais de base aproveitam a data para convocar atos para exigir a demarcação de Terras Indígenas. Entre as ações está uma representação, que será protocolada nas procuradorias do Ministério Público Federal (MPF) de todo país, que denuncia o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, de cometer crime de improbidade administrativa.

A Apib também entrou com uma Ação Civil Pública (ACP) na 9ª Vara da Justiça Federal de Brasília para pedir o afastamento imediato de Xavier. "Nós não vamos tolerar essa sequência de retiradas de direitos dos povos indígenas e o descaso com as nossas vidas e a mobilização do Dia Internacional dos Povos Indígenas é parte de uma série de ações que estamos preparando", disse Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib.

Um trecho da ACP, ingressada na Justiça Federal de Brasília, afirma que "a presidência de Marcelo Xavier tem claro intuito de inviabilizar o funcionamento da FUNAI, agindo em desrespeito aos direitos dos povos indígenas, principalmente no que diz respeito aos direitos sobre as terras originárias tradicionalmente ocupadas, violando o previsto no artigo 231, §2o, da Constituição Federal".

Ao longo desta terça-feira diversas mobilizações estão ocorrendo em todas as regiões do país.

Com informações da ONU e Apib

https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/povos-indigenas-brasileiros-vencem-premio-equatorial-2022/
Índios:Questão Indígena

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