Em meio a crise, indígena brasileiro vai à França falar sobre Amazônia

Época - https://epoca.globo.com - 28/08/2019
Almir Suruí dará palestra a empresários franceses sobre como atuar de forma sustentável na floresta tropical.

Enquanto o governo Bolsonaro critica as demarcações de terras de povos indígenas, na França, querem ouvi-los. Uma associação de empresários franceses convidou o líder do povo paiter-suruí, Almir Narayamoga Suruí, para palestrar em uma reunião, em Paris, e debater o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

"Vamos discutir como os empresários podem atuar de forma transparente, respeitosa e sustentável. E eles também querem uma opinião sobre o que está acontecendo na Amazônia", disse o chefe da tribo rondoniense, que participa dos três dias do evento que começa nesta quarta-feira 28.

Desde sua chegada à Cidade Luz, Suruí percebe uma apreensão entre os franceses com a destruição da maior floresta tropical do mundo. "A mudança climática está aumentando muito. Eles estão com medo de que a situação se agrave. Não é uma questão só do povo brasileiro", declarou o cacique.

Os convites estrangeiros não são novidade para o indígena formado em biologia, que já passou por cerca de 30 países para expor projetos como o plano estratégico de 50 anos Suruí. A ideia surgiu em 2007 com intuito de promover a gestão da Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia. Uma das iniciativas já implementada é a venda de créditos de carbono, comprados por empresas que querem compensar a emissão de carbono e ajudar a preservar a vegetação.

Para Suruí, as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que as reservas indígenas buscam "inviabilizar" o Brasil, são "temerárias". "O discurso do presidente influencia muitas pessoas. As tribos indígenas têm tido grande importância comercial, cultural e no equilíbrio climático", disse.

Nos últimos meses, conta, as invasões e queimadas na região próxima a sua tribo aumentaram. Para ele, uma das motivações para o cenário é o "discurso incentivador do governo". "Esse ano está sendo um dos piores", afirmou, comparando com 2010, quando quase metade do território de seu povo foi alvo de incêndios criminosos.

"Temos visto muitos problemas de tosse, gripe, principalmente em crianças e idosos", relatou. Nem mesmo as recorrentes denúncias a autoridades têm surtido efeitos positivos", contou Suruí.




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