Para os moradores "brancos", Panambi está abandonado

Diário de MS-Campo Grande-MS - 28/11/2005
Entre os moradores do distrito de Panambi - que sempre foram vizinhos dos índios, já que os caiuás instalados nos 1.180 hectares demarcados viviam na área de 60
hectares encravada na terra dos "brancos" - o sentimento é de muita revolta. Os moradores afirmam que o distrito está abandonado desde que os colonos foram retirados
das terras e reassentados em Juti, em novembro do ano passado.

Para os agricultores que permaneceram na área, a devolução das terras aos índios foi uma "calamidade". O agricultor Alcebíades Sampaio Borges, 65, é proprietário
das terras na divisa com a aldeia Panambizinho, no marco estabelecido pelo Ministério da Justiça.

Ele afirma que a retirada dos colonos foi uma "injustiça", já que eles receberam uma área "totalmente crua" em Juti. "Poderiam ter passado as terras de Juti aos
índios. Há três anos, tudo aqui era uma grande plantação. Hoje, está tudo tomado pelo mato", reclama o agricultor.

Proprietário de uma área de 30 hectares - com lavouras de soja - o agricultor reclama até mesmo das pragas provocadas pelo abandono das terras. "Aqui vem tudo para
mim: formiga, cupim... Eles não cuidam das terras e a minha lavoura é atingida", comenta.

No distrito, muita revolta pela entrega das terras aos índios. Os moradores afirmam que o povoado ficou "triste e abandonado" após a saída dos colonos.

Prejuízo

A comerciante Meracina Alves Ferreira Faria, 71, já contabiliza os prejuízos adquiridos no último ano. "Tenho este comércio há 30 anos e nunca vi um fracasso como
agora. Os colonos eram ótimos fregueses. Os índios não compram nada porque não têm inteligência para controlar as finanças", reclama a comerciante.

O agricultor Bento Dias Filho, 69, conta que nasceu e cresceu em uma fazenda na área que hoje é ocupada pelos índios. "Quando tinha 14 anos, roçava mato naquelas
terras e hoje vejo como está. É uma tristeza muito grande", lembra o agricultor, que hoje é diarista.

A dona-de-casa Elair Santana, 38, diz que a vila acabou depois que os colonos foram para Juti. "Eles estão com as terras paradas, sem escritura. Aqui, a vila acabou.
O Natal do ano passado foi uma tristeza só", protestou.
PIB:Mato Grosso do Sul

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