Inaugurada com pompa em maio de 2011, em Dourados, a primeira Vila Olímpica Indígena do país não mostrou serventia até hoje. Abandonada na Aldeia Jaguapiru, o complexo de 29 mil metros quadrados está depredado e só é utilizado quando escolas promovem, no máximo, duas atividades ao ano. Jogadores de futebol amador utilizam a quadra e o campo de vez em quando. Projetos de recreação e esportivo, conforme previsto, chegou a ser desenvolvido por quase um ano e depois nunca mais.
A Vila Olímpica possui quadra poliesportiva, campo de futebol, pista de atletismo, quadra de vôlei de areia, parque infantil, vestiários, banheiros adaptados e prédio para administração. O Ministério do Esporte investiu R$ 1,4 milhão no projeto da Vila, que começa a virar ruínas.
A prefeitura de Dourados é responsável pelo complexo, mas no local se vê apenas um funcionário que cuida da administração, uma espécie de zelador. Os portões da vila ficam abertos o dia todo, mas raramente se vê alguém por lá. "Fica parado o tempo todo. Prometeram que seria um espaço de esporte, cultura e lazer e mais uma vez ficou na promessa. Estamos cansados de sermos usados" desabafa o líder da aldeia Bororó, Silvio Leão. As opções de prática esportiva e de lazer eram esperadas na Vila Olímpica como uma opção para a redução dos índices de violência na reserva, em razão do consumo de álcool e de drogas. "Mas cadê os projetos prometidos para nós, mais uma vez iludiram os indígenas", critica Sílvio.
Os vestiários estão completamente depredados. As portas foram arrebentadas, torneiras furtadas e no interior a cena é de um ambiente que não vê limpeza há muito tempo. Todos os vidros de janelas foram quebrados, as paredes sujas e há roupas abandonadas no local. Um dos prédios administrativos também está detonado, assim como o parquinho.
A prefeitura de Dourados é a responsável pela administração da Vila Olímpica. Antônio Coca, diretor da Fundação de Esportes, acusa o governo federal pela situação do espaço. "Os projetos a serem desenvolvidos no local funcionaram por apenas um ano. Foi o próprio governo federal que cortou as ações", disse ao O PROGRESSO.
Os projetos citados por Antônio Coca são o Segundo Tempo e o PELC, com atividades de esporte e de lazer e que funcionaram de julho de 2014 a julho de 2015. Antes desse período, a Vila Olímpica ficou abandonada por três anos e há mais de um ano não promove nenhuma atividade. A mega estrutura vem servindo apenas para refugiar usuários de drogas no período da noite.
A liderança Fernando Souza já cobrou da prefeitura uma posição sobre a realização de atividades no local, conforme previa a função social do complexo, mas não obteve resposta. "Fomos contemplados com uma obra tão importante e que acreditava-se que viria a trazer benefícios para a comunidade. Mas sempre foi um elefante branco e somente as escolas usam o espaço quando vão fazer alguma atividade cultural", diz o indígena.
Nas próximas semanas ele diz que estará com uma comissão para visitar a prefeita eleita Délia Razuk e reivindicar atividades à Vila Olímpica, bem como solicitar demais demandas da Reserva de Dourados. "Fizemos isso quando o prefeito Murilo assumiu a prefeitura. Apresentamos demandas e agora estamos fazendo um raio-X do que ele fez para nós. Assim faremos com Délia", finalizou.
http://www.progresso.com.br/dia-a-dia/vila-olimpica-esta-abandonada-na-aldeia-indigena
PIB:Mato Grosso do Sul
Áreas Protegidas Relacionadas
- TI Dourados
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.