Entidades indigenistas prevêem em futuro pior

CB, Brasil, p. 8 - 20/04/2016
Entidades indigenistas prevêm em futuro pior

Ingrid Borges
Especial para o Correio

Não houve muito clima para festejar o Dia do Índio, comemorado na data de ontem. Segundo entidades representantes de movimentos indígenas, nos últimos anos, pautas desses povos foram deixadas de lado em nome da governabilidade.
Informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) comprovam que o governo Dilma Rousseff foi o que menos demarcou terras indígenas. No entanto, a possibilidade de mudança de gestão assusta tais instituições, que não estão otimistas.
Fundadora do Instituto Socioambiental (ISA), uma organização da sociedade civil, Fany Ricardo diz que ficou bastante preocupada diante da votação da Câmara dos Deputados no último domingo, que deu prosseguimento ao processo de impeachment. "Muitos daqueles parlamentares que votaram sim são da bancada ruralista e eles são inimigos dos indígenas. Ficamos chocados com o que vimos, não dá para ser otimista em relação ao futuro", disse. Ricardo ainda lembra que a Fundação Nacional do Índio (Funai) perdeu força no governo Dilma. "O órgão perdeu poder e recursos financeiros. Antes, cuidava de questões como educação e saúde. Agora, só acompanha as terras", conta.
O secretário executivo do Cimi, Cleber Buzatto, concorda que a Funai já não é mais a mesma." Ela e o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) estão sucateados do ponto de vista orçamentário e pessoal." De acordo com ele, quando se trata de demarcação de territórios indígenas, o governo atual perde para todos desde a redemocratização.
Além da aliança com parlamentares do agronegócio, uma medida criticada é a construção da usina de Belo Monte. Uma das queixas da principal obra da primeira fase do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) é o desalojamento de índios que vivem no Parque Indígena do Xingu, no Pará.
Buzatto ressalta que, apesar dos erros da gestão atual, é contra o atual processo de impeachment que está em curso no Senado. Segundo ele, se a presidente for afastada, a situação pode piorar. "A perspectiva é de aprofundar a criminalização e a violência contra os povos indígenas", avalia. "Em um eventual governo comandado pelas forças políticas e econômicas que estão articulando derrubar a presidente, a expectativa é que aumente os ataques e perseguições às lideranças, além de crescer o número de invasões territoriais.
Dia do Índio
A Funai aprovou ontem os estudos de identificação e delimitação de quatro terras indígenas localizadas em Mato Grosso do Sul, no Pará, no Paraná e no Amazonas.
São o primeiro passo do processo de demarcação. Juntas, as terras indígenas Ypoi/Triunfo, Sawré Muybu, Sambaqui e Jurubaxi-Téa somam uma área de 1.408.879 hectares, onde vivem cerca de 1,9 mil pessoas. Nas áreas, vivem indígenas das etnias Munduruku, Guarani Ñandeva, Guarani Mbya e Tukano, entre outras.

CB, 20/04/2016, Brasil, p. 8

Índios:Terras/Demarcação

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