Estudantes de escola indígena ficam sem aula por até um mês

Diário do Nordeste - http://diariodonordeste.verdesmares.com.br - 18/04/2016
Sempre durante as comemorações do Dia do Índio, que se celebra amanhã, os estudantes têm uma programação especial na demonstração de costumes e hábitos da etnia Tremembé. Porém, o dia de amanhã é incerto com relação à normalidade da escola localizada em Almofala.

Alunos da Escola Indígena Maria Venâncio, em Almofala, neste município, chegam a ficar sem aula por até um mês. A explicação seria a quebra constante do ônibus de transporte escolar, inclusive em fevereiro, que conduz os estudantes de diversos aldeamentos da etnia.

Na semana passada, os alunos voltaram a ficar sem aula porque o problema tornou a acontecer, prejudicando o calendário escolar. Embora a unidade atenda alunos do ensino médio, os mais prejudicados são os do Ensino Fundamental.

O diretor da escola, Getúlio Santos, disse que essa é mais uma das dificuldades enfrentadas pela unidade de ensino, que se propõe a promover uma educação diferenciada aos Tremembé, de modo a resguardar tradições e os valores da etnia, que ainda mantém fortes raízes em Almofala. Ele disse que falta também merenda escolar e especialmente contar com professores contratados.


Abandono


Com 96 alunos, o prédio da Maria Venâncio lembra uma imensa taba. De forma circular, as salas de aula têm nomes de danças que integram o torém, dança típica dos Tremembé.

Facilmente verifica-se também o abandono com a ausência de alunos e professores. Cabras adentram o pátio para uso de pasto. As cadeiras vazias se avolumam pelos corredores. Uma casa típica da comunidade, feita de taipa e coberta com palmas de carnaúba, para relembrar as tradições, encontra-se deteriorada. Getúlio lembra que há ainda um embate com o governo do Estado para que as escolas indígenas possam ter calendário escolar próprio, uma vez que seria mais compatível com os costumes e as tradições dos povos. Essa ideia é defendida pelo professor de Antropologia, da Universidade Federal do Ceará (UFC) Babi Fonteles, um dos responsáveis pela criação do curso de Magistério Indígena, atendendo 38 escolas no Estado.


Conquista


Na sua opinião, a criação das escolas e de um curso de magistério são conquistas relevantes da afirmação das etnias, mas ainda distantes de estarem completas. Ele entende ser fundamental um calendário escolar autônomo, inclusive com regras próprias para o funcionamento.

"As escolas são parte de um movimento na luta pela terra, pois sem terra não existe índio", afirma Fonteles. Com um ensino indígena específico, ele percebe que há uma construção da autoafirmação dos povos.


Crede


O antropólogo lembra que os Tremembé aparecem na literatura desde o século XVII e os aldeamentos foram constados até a divisa com o Pará. A comunidade surge numa relação direta com a coroa portuguesa em registros históricos datados de 1706.

Sobre falta de transporte para alunos da Escola Indígena Maria Venâncio, em Almofala, a Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 3, responsável pelas escolas estaduais daquela região informou que há um ônibus escolar da SME de Itarema para atender especificamente à unidade de ensino e, dessa forma, permanece na escola. Houve um problema no radiador do veículo que foi levado ao município sede para o conserto durante três dias úteis (últimas sexta, segunda e terça-feiras). "Nesta quarta-feira, dia 13, o transporte escolar foi regularizado", disse o comunicado.

Conforme a Crede 3, a escola tem merenda. Inclusive, há um processo licitatório para compra de mais alimentos para suprir necessidades futuras, de forma a garantir o atendimento dos alunos. Quanto ao transporte, não houve suspensão do serviço em fevereiro.



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PIB:Nordeste

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