O tuxaua da maloca do Entroncamento Surumu, Miracélio Floriano Peixoto, procurou a Folha para denunciar conflito de terra entre a sua comunidade e a da maloca Sabiá. Segundo ele, alguns índios liderados pelo tuxaua Juscelino Braga destruíram uma casa em Surumu. As duas comunidades fazem parte da reserva indígena São Marcos, no município de Pacaraima.
Segundo o tuxaua, diante das constantes ameaças e violência sofridas por ele, no ano passado, denunciou o fato para a Polícia Federal para que fosse investigado. "O superintendente da PF encaminhou o caso para que a Polícia Civil investigasse o caso. Mas, quando chegou na mão do delegado tudo parou. Porque o então delegado tinha ligação com os dirigentes da Funai, onde trabalhou durante 15 anos lá", disse.
Miracélio reforçou a denúncia porque recentemente recebeu novas ameaças contra ele e sua família. Explicou que uma família de quatro pessoas, que mora próxima à cerca levantada pela direção da maloca do Sabiá, também foram ameaçadas e que os índios anunciaram em breve a destruição da casa.
"Fiz a denúncia no Ministério Público Federal, que simplesmente encaminhou para que a Funai intercedesse nas negociações entre as duas comunidades. Mas, na realidade, nada foi resolvido e agora estamos sofrendo com esse descaso. Um conflito muito grande poderá acontecer há qualquer momento", alertou.
O tuxaua disse que uma reunião foi realizada para decidirem quais as providências seriam oferecidas para o conflito. Segundo ele, como líder de sua comunidade, não foi convidado para a assembléia e não participou das decisões nem apresentou a defesa de sua comunidade.
"Apenas os índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima, Associação dos Povos Indígenas, Organização TWM e Funai decidiram que a nossa comunidade é o problema. Mas, eles esqueceram em dizer que a maloca do Sabiá iniciou todo esse conflito. Acho que isso é um desrespeito ao decreto 312, que diz que a reserva indígena São Marcos é de uso exclusivo dos índios", comentou.
O tuxaua não apóia as atitudes da Funai e acusa a entidade de tentar pressionar de todas as maneiras e amedrontar os índios da sua comunidade. Disse que a direção da Apirr acusa a sua maloca de promover invasões de não-índios na sede de Pacaraima.
"Uma carta emitida pela Apirr foi encaminhada ao ministro da Justiça e presidente da Funai sobre a assembléia realizada por eles. Nesse documento diz que não irão aceitar a criação de uma nova comunidade para a extensão da maloca do Entroncamento Surumu, porque somos causadores de problemas. E ainda disseram que não aceitamos trabalhar em conjunto em defesa dos direitos dos povos indígenas. Tudo isso é uma farsa e eles ainda alegaram que traficamos combustíveis dentro da reserva e que Pacaraima não é uma vila", relatou.
CARTA - Na manhã de ontem, o tuxaua Miracélio entregou na superintendência da Polícia Federal uma carta explicando as ameaças que vem sofrendo. No documento, relata que alguns indígenas da comunidade Sorocaima II, Santa Rosa e Sabiá ameaçaram que até sábado iriam destruir e retirar a casa construída na limitação da cerca.
"Temos um membro da nossa comunidade que mora nessa área e temos receio que aconteça exatamente o que ocorreu com o índio Barroso, que teve sua casa destruída por esses mesmos elementos. Tudo isso está sendo acobertado pela Funai e o chefe da maloca Boca da Mata. Estou solicitando da Polícia Federal que encaminhe uma equipe de policiais para dar segurança à nossa comunidade, porque um conflito sangrento poderá ocorrer", afirmou.
PIB:Roraima/Lavrado
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