Conflito por área nobre em Brasília deixa uma pessoa ferida

G1 - http://g1.globo.com/ - 13/10/2011
Empresa pretende construir 84 apartamentos na área reivindicada por índios.
Comunidade indígena reivindica área de 50 hectares no Noroeste.


Um conflito entre índios, estudantes e seguranças de uma construtora pela posse de uma área em Brasília deixou ao menos uma pessoa ferida na manhã desta quinta-feira (13). Os índios e a construtora disputam a posse da área, uma das mais valorizadas do Distrito Federal, onde o metro quadrado construído, vendido na planta, supera R$ 10 mil. A ação foi acompanhada pela Polícia Militar. O ferido foi levado para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), segundo os Bombeiros, mas não havia informação sobre o estado de saúde dele.

O confronto teve início após funcionários da construtora Brasal chegarem para fazer a limpeza do terreno, onde a empresa pretende construir um edifício com 72 apartamentos de três e quatro quartos e 12 duplex com cobertura privativa, cujas áreas vão de 126 m² a 325 m².

Índios, estudantes da Universidade de Brasília (UnB) e ambientalistas contrários à obra reagiram à ocupação do terreno, dando início ao conflito.

"Querem transformar o santuário [dos índios] em pracinha e em zoológico. Isso é absurdo. Essa obra está a menos de 60 metros do santuário", disse o estudante de Letras da UnB Diogo Ramalho, que está no local desde a chegada dos funcionários da construtora.

Ele afirma ter visto dois índios serem espancados e algemados após reagirem à ocupação e que duas mulheres que participavam do protesto foram chutadas no chão por seguranças da construtora. A Brasal informou desconhecer as supostas agressões praticadas por seguranças. De acordo com nota divulgada pela empresa, os índios não têm direito à área pleiteada.

"A comunidade indígena vizinha ao bairro tentou recorrer à Justiça para pleitear ampliação da área destinada a esta comunidade de 4,18 ha, para 50,00 ha. Porém, a decisão final da Juíza Federal Clara da Mota Santos, publicada no Diário Oficial no dia 16 de Setembro de 2011 determina que a comunidade deve se restringir à área de 4.1815 ha iniciais, o que exclui a projeção do Reserva Especial da área questionada", diz trecho da nota.

"Não precisamos de liminar porque a posse sempre foi outorgada. Estamos exercendo o direito de propriedade ao demarcar o lote", disse a assessora jurídica da Brasal Andréa Moraes Mourão.

O diretor da empresa, Dilton Junqueira, não descartou a possibilidade de novos conflitos. "O poder público tem efetivamente que entrar no caso. Se não entrar, vai ter conflito. Teria que ter gente aqui da Funai [Fundação Nacional do Índio] e da Terracap [que vendeu a área]. Estamos entrando no que é nosso", afirmou.


Disputa judicial

Os índios reivindicam uma área de 50 hectares no Noroeste e questionaram no Tribunal Regional Federal da 1ª Região a isenção de outra juíza, Candice Lavocat Galvão Jobim, da 2ª Vara da Seção Judiciária do DF, para julgar uma ação civil pública sobre a posse do terreno.

Candice é irmã de Marcelo Galvão, procurador-geral do DF durante a gestão de José Roberto Arruda (2006-2010). Antes de ocupar o cargo, ele era consultor jurídico do GDF, vinculado ao gabinete do vice-governador e, segundo o processo proposto pelos índios, teria participado de estudos de implantação do Noroeste.

Na última quarta-feira (5), foi cassada a liminar que proibia construção na área indicada até o final do processo. . A decisão foi publicada no Diário Judicial no dia 6 e divulgada nesta terça-feira (11).


http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/10/conflito-por-area-nobre-em-brasilia-deixa-uma-pessoa-ferida.html
PIB:Goiás/Maranhão/Tocantins

Áreas Protegidas Relacionadas

  • TI Santuário Sagrado dos Pajés- `Pajé Santxiê Tapuya´
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.