Homens encapuzados tentam matar crianças macuxi

CIR-Boa Vista-RR - 09/05/2003
O macuxi E.S, de apenas 12 anos é mais uma vítima dos agressores dos povos indígenas de Roraima. Na tarde desta quarta-feira, 7 de maio, ele foi baleado por dois homens encapuzados dentro de sua própria comunidade, na terra indígena Aningal, região do Amajari.

E.S estava caçando com J.M.S, também de 12 anos, nos limites da terra indígena, próximo a uma fazenda. Segundo o companheiro dele, quando voltavam para casa e passavam pela mata encontraram os criminosos que falaram "hoje é última vez que vocês passam por aqui, pois vamos matar vocês". E para a surpresa dos dois, ouviram os tiros que atingiu o braço direito, atravessou pelo peito e saiu nas costas de E.S. Mesmo sagrando, ele conseguiu correr e pedir socorro.

A criança foi conduzida na noite de quarta-feira para o Pronto Socorro de Boa Vista, onde foi operada e segundo os médicos, está fora de perigo. A mãe da vítima, Elizete da Silva Calisto, grávida de sete meses está muito abalada e espera que o crime seja esclarecido. "Meu filho é uma criança, um inocente que saiu de casa para caçar, por que tem que derramar sangue?", questiona.

Para o tuxaua de Aningal, Osmundo Ribeiro Alves, o atentado contra as crianças parece um aviso de que, embora a Terra Indigita Aningal seja demarcada e homologada, essa decisão tenha deixado ainda mágoas antigas em fazendeiros da região. "Não sabemos quem foi, mas queremos providências urgentes, pois estamos dentro de nossa terra. ", desabafa o tuxaua. O Conselho Indígena de Roraima, ao receber a denúncia fez uma representação junto a Superintendência da Polícia Federal que já ouviu testemunhas e se comprometeu de investigar o crime.

A terra indígena Aningal é uma demarcação em ilha com 7.627 hectares, homologada e registrada em 1982. Atualmente, a comunidade tem 29 famílias e 153 pessoas. Os povos indígenas de Roraima exigem que seus direitos sejam respeitados, pois irmãos derramam sangue, enquanto os criminosos ficam impunes, a exemplo de Aldo da Silva Mota, executado na
fazenda de vereador em janeiro deste ano.
PIB:Roraima/Lavrado

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