Índios Rikbaktsa retomam extração de látex no Noroeste de Mato Grosso

24 Horas News - 05/05/2008
Depois de 20 anos, os índios Rikbaktsa estão retomando a produção de seringa em suas três áreas (Erikptsa, Japuíra e Escondido), no noroeste de Mato Grosso. Com apoio do projeto União dos Povos da Floresta para Proteção dos Rios Juruena e Aripuanã, executado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã com patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, as estradas foram reabertas. Estima-se que existam mais de 10 mil pés de seringueiras nativas nestes territórios. Os índios Rikbakstsa são tradicionalmente conhecidos na região Noroeste pela defesa contundente da exploração ilegal madeireira e mineral em suas terras e na busca da sustentabilidade econômica por meio do uso racional dos recursos naturais.

De acordo com o técnico agroflorestal, Adevane Araújo, quase duzentos indígenas estão começando a coletar o látex novamente com apoio do projeto. "Existem duas safras, a que se estende de março a junho e a safrinha, que ocorre entre os meses de setembro a dezembro, antes das chuvas".

A expectativa é que a produção seja bem maior do que era há 20 anos, quando os Rikbaktsa chegavam a produzir 8 toneladas de látex. "Serão feitas capacitações para os mais jovens, além disso as condições de trabalho são outras", explica Adevane apontando que há uma melhor infra-estrutura para acomodação do látex e os índios não precisarão mais ir até Cuiabá para venda ou mesmo vender a preços muito baixos para atravessadores.

A garantia está no apoio do Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade das Florestas do Noroeste de Mato Grosso, executado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente – Sema e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, que firmou uma parceria com a empresa Michelin do Brasil para comercialização do látex extraído pelos índios Rikbaktsa.

De acordo com Milto Luiz da Silva, engenheiro florestal da empresa, que participou de um encontro na Aldeia Barranco Vermelho, em Brasnorte, no ano passado, a compra será paga sempre pelo melhor preço do látex no Estado, além da Michelin bancar metade do transporte do produto. "No passado, o preço da borracha era muito baixo. De uns cinco anos para cá, o mundo percebeu a escassez do fornecimento da matéria-prima e a atividade voltou a ser rentável", declarou.

A seringueira foi eleita como uma das espécies-chaves para o projeto "União dos Povos" por ter ampla distribuição na região (no centro da mata e principalmente ao longo dos rios). Sua exploração tem sido uma atividade tradicional entre seringueiros e índios por muito tempo. Por essa razão, o incentivo ao manejo das seringueiras e a comercialização do seu látex têm mostrado grande potencial para a gestão territorial destas regiões e, com isso, tem permitido a prevenção contra desmatamentos e a melhoria da qualidade de vida destas populações.

Com a decisão de incentivar e promover o manejo dos seringais, no início de 2007 os Rikbaktsa e seringueiros dos Rios Guariba Roosevelt decidiram, por meio de várias reuniões de planejamento, iniciar a reabertura de um conjunto de estradas de seringa que abrangem mais de 10 mil pés de seringueira.

Para contribuir com a revitalização do manejo dos seringais foram adquiridos todos os equipamentos necessários para a abertura das estradas e extração do látex. O projeto fornece toda a capacitação técnica, através de atividades de extensão de rotina e por meio intercâmbios com outros grupos que manejam seringais, incluindo os seringueiros da RESEX Chico Mendes, do Estado do Acre.
PIB:Oeste do Mato Grosso

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