Índios entraram no palácio para protestar sobre mudança da sede da Funai de Cuiabá para Juína. Na tentativa de falar com governador, houve tumulto.
ndios de oito etnias invadiram ontem o Palácio Paiaguás, no Centro Político Administrativo, para reivindicar o retorno da sede administrativa Executiva Regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) para Cuiabá, que foi transferida para o município de Juína (a 735 quilômetros de Cuiabá) por meio de uma portaria publicada no dia 26 de março pela direção nacional, sem a consulta prévia aos povos do Estado. A ação dos indígenas causou tumulto e a Polícia Militar teve que intervir.
A mudança vai contra os interesses dos indígenas mais próximos da Capital. "Dessa forma, vamos perder autonomia financeira e administrativa", disse Manuel Rondon, cacique dos terenas.
Outro problema destacado por ele é a questão da distância da cidade de Juína. "Nossas aldeias ficam mais perto daqui. Lá (Juína) fica muito difícil pra gente ir", frisou o cacique.
Após vários minutos de bate-boca para entrar no prédio, cerca de 200 representantes das etnias bacairis, terenas, xavantes, umutinas, bororós, chiquitanos, guatós e nambiquaras conversaram com o Rômulo Vandoni Filho, superintendente do governo para assuntos indígenas, que encaminhou os líderes das tribos ao gabinete do governador Blairo Maggi.
Ao final da reunião, a cacique da etnia umutina, Creuza Soripa, informou que o governador garantiu a chegada do vice-presidente da Funai, Aluisio Guapindaia, nesta manhã, a Cuiabá. "Vamos esperar até o meio-dia, se ele não aparecer, vamos bloquear as BR 070, 163 e 364", ameaçou a índia Mariléia Soripa, uma das articuladoras da manifestação. Ela ainda acrescentou: "somos mais de 400 índios unidos para que a sede volte a funcionar em Cuiabá".
DESPREPARO - O líder da etnia umutina, Felisberto Kupodonepa, protestou sobre a forma com que os índios foram recebidos na chegada ao palácio. "Eles não podem agir assim. É muita falta de preparo. Nós estamos lutando pelos nossos direitos", protestou o líder, se referindo ao impedimento de sua entrada ao prédio público.
O coronel da Polícia Militar, Orestes Oliveira, afirmou que tudo não passou de um mal-entendido. "Eles chegaram de repente, tentaram atingir um dos nossos homens com uma lança e não queriam se identificar na portaria. Foi um momento de tumulto", disse ele. Segundo Orestes, faltou diálogo na chegada dos manifestantes. "Agora eles estão resolvendo o problema corretamente, por meio da conversa", salientou Oliveira, no momento em que os índios discutiam com o superintendente do governo.
PIB:Oeste do Mato Grosso
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