Uma portaria assinada pelo presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Brasília e publicada no Diário Oficial da União dessa quarta-feira determinou o fechamento da Delegacia Regional da Funai em Amambai, transformando a unidade em núcleo e elevando o então núcleo de Dourados para Delegacia Regional para o Conesul de Mato Grosso do Sul.
A decisão vai deixar cerca e 25 mil índios das etnias guarani-kaiowá e guarani-ñhadeva sem assistência em 12 municípios da região de fronteira entre Brasil e Paraguai, fazendo piorar a inda mais a situação dos povos indígenas da região que já atravessam por momentos delicados, com conflitos internos pelo controle de liderança dentro das reservas e com a miséria que assola as aldeias provocada pela entrada desenfreada de bebidas alcoólicas e até drogas ilícitas.
A decisão do fechamento da Delegacia Regional tomada sem consultar as comunidades indígenas atendidas pelo órgão federal, um total de 22 áreas entre terras homologadas e terras ocupadas, pegou de surpresa as lideranças indígenas da região. Na manhã dessa quinta-feira comentava-se, inclusive, o bloqueio, por tempo indeterminado, de rodovias que cortam reservas indígenas em toda a região como forma de protesto, entre elas as rodovias MS 156 e 386 em Amambai, a 190 em Japorã e a MS 289 em Coronel Sapucaia.
Na tarde dessa quinta-feira a reportagem "A Gazetanews" entrou em contato com um dos líderes da comunidade indígena na região, o Cacique da Aldeia Amambai em Amambai Rodolfo Ricarte e o líder indígena, que estava em uma aldeia no município de Paranhos onde mantinha contato com lideranças indígenas da região para discutir o problema nos informou que protestos contra o fechamento da Delegacia Regional deverão ser feitos sim, mas só após uma reunião envolvendo todas as lideranças indígenas da região, que deverá acontecer na manhã desse sábado, 12, na Aldeia Amambai em Amambai.
"Queremos discutir o problema com todas as lideranças e só depois tomar uma decisão de como iremos agir para tentar reverter esse quadro e tentar manter a regional da Funai em Amambai", disse Ricarte ao ressaltar que o fechamento da regional do órgão representa uma catástrofe para as famílias indígenas das aldeias da região que se precisarem de auxilio terão que se desloca até Dourados para conseguir.
O cacique não descartou a possibilidade que grupos isolados poderão tentar agir por conta própria e bloquear rodovias, mas sem o aval das lideranças indígenas que querem buscar meios diplomáticos, inclusive envolvendo a classe política dos municípios prejudicados como fechamento da Delegacia Regional, para resolver o problema.
Fechamento provoca desempregos
Além do grave e principal problema da falta de assistência aos indígenas que, sem o apoio da Delegacia Regional, irão sobrecarregar as assistências sociais dos municípios, a transformação de Delegacia para apenas um núcleo da Funai, vai gerar desemprego e perda de renda para o comércio de Amambai, já que as compras da Delegacia, hoje realizadas em Amambai, passarão a serem feitas no comércio de Dourados.
Segundo informações levantadas pela nossa reportagem, das 22 pessoas que hoje trabalham na Funai em Amambai, 8 do quadro efetivo, 9 contratados como prestadores de serviços e 4 estagiários, apenas os 8 funcionários efetivos deverão permanecer, porém com futuro incerto e o restante deverão ser despedidos. O Administrador Regional do órgão, Gildo Martins já foi exonerado do cargo pela mesma portaria a Funai que nomeou Eliezer Cardoso Louzado Cruz para ocupar o cargo de Administrador Regional da Executiva Regional do Conesul de MS, criado em Dourados.
Hoje a Funai de Amambai já não tinha autonomia para nenhuma operação. O sistema foi bloqueado para os funcionários e nenhum pagamento a fornecedores ou outras atividades puderam ser realizadas, passando tudo para a nova regional criada em Dourados. O clima é de tensão na região.
PIB:Mato Grosso do Sul
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