Diretor do ISA diz que falta de planejamento faz expansão agrícola ameaçar índios
A falta de planejamento das ações do Estado permite que a expansão agrícola coloque em risco a existência de povos indígenas no país. A opinião é do coordenador da organização não-governamental Instituto Socioambiental (ISA), Márcio Santilli.
Em entrevista à Agência Brasil, Santilli explicou que o crescimento das fronteiras agrícolas não leva em consideração as condições de vida dos índios e citou, como exemplo, arrendamento de porções de terras indígenas para plantação de soja.
"Nas regiões onde um modelo de monocultura se implanta de forma muito hegemônica, isso faz com que esses povos tenham pouco espaço para desenvolver suas atividades tradicionais e acabem sendo pressionados a se tornar sócios minoritários desses processos econômicos", disse.
Para Santilli, a situação do povo Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, é uma das mais preocupantes. A ocupação intensa da região e a busca por terra provocam confrontos entre os Guarani, assassinatos e violência dentro das aldeias.
Estudo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) revelou que os índios dessa etnia possuem, na região, um dos menores índices de terra por habitante entre os grupos indígenas do país. Em algumas áreas, há menos de um hectare (o equivalente a um campo de futebol) por pessoa. "No interior da comunidade têm ocorrido fenômenos de suicídio de crianças", contou Santilli.
O Cimi constatou que 12 dos 20 índios assassinados no estado em 2006 são Guarani-Kaiowá. Conforme relatório da organização, as principais causas dos homicídios são desentendimentos, brigas de casais e discussões familiares.
Considerando que a comunidade é de 35 mil a 40 mil Guarani-Kaiowá no estado, o Cimi estima que os 20 mortos representariam uma taxa de no mínimo 50 assassinatos por 100 mil habitantes, quase o dobro da taxa nacional de homicídios (26,7 por 100 mil).
Agência Brasil, 06/01/2007
PIB:Mato Grosso do Sul
Related Protected Areas: