Lideranças destacam seca e queimadas no primeiro dia da Assembleia

CIR - https://cir.org.br - 12/03/2024
53ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima: Terra, Identidade e Autonomia dos povos indígenas.

Apoiadores e parceiros participaram da abertura oficial da assembleia, realizada no Centro Indígena de Formação Cultura Raposa Serra do (CIFCRSS), local de luta e resistência.

Luiz Ventura, secretário Nacional Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que há anos apoia o movimento indígena de Roraima, referenciou o momento como histórico, e ainda por está no Centro de Formação.

"É sempre uma emoção muito grande, estar aqui, principalmente participar da assembleia, esse evento não é importante somente para os povos indígenas de Roraima, mas, do Brasil", afirmou Ventura.

À tarde, a programação iniciou com leitura e aprovação da ata da 52ª Assembleia Geral, em seguida as deliberações do dia mediada pelas regiões Raposa e Murupu.

Na pauta como está nossa região? Os coordenadores das dez etnorregiões, apresentaram as dificuldades e conquistas nas áreas de produção, vigilância do território e organização social.

César Silva, coordenador da região Serra da Lua, compartilhou o momento crítico que as 26 comunidades da região estão passando, principalmente com relação à seca e às queimadas.

"Estão secando os poços, Moscou, São Domingos, são umas das comunidades afetadas pela falta de água, tem as queimadas que atingiram as roças prejudicando nossas produções", disse o coordenador.

O coordenador pontuou a preocupação com a invasão ao território, e a construção da termelétrica.

"Estamos atentos a essa parte da segurança do território, Serra da Lua faz fronteira com a Guiana e também a BR que dá acesso ao Amazonas, passa por dentro do nosso território e isso nos preocupa muito, já estamos sentindo as consequências dessa situação", concluiu César.

Assim, como coordenador César, o vice-coordenador Leandro, da região Alto Cauamé, município de Alto Alegre, também expôs a queimadas como ponto focal das dificuldades enfrentadas pela região, além, de reafirmar a falta de compromisso dos moradores da região para colocar representante no poder executivo municipal.

Região Tabaio com sete comunidades indígenas, têm o território demarcado em ilhas, a situação tem afetado as famílias, já que a região tem ficado no meio da plantação de soja. Outro ponto é com relação a invasão do território feita pelos garimpeiros, na comunidade indígena Boqueirão, que faz parte da rota do crime.

Jailda Teixeira ,coordenadora das mulheres da região, mora na comunidade da Barata, relatou que a falta de água tem sido uma dificuldade em toda Tabaio.

"Não está fácil não, estamos com perda de produção, não temos macaxeira, banana, mandioca, goma, beiju, isso tudo está se acabando, a água tem sido racionada, a população é grande", frisou Jailda.

A coordenadora refletiu sobre as situações, enfrentadas pelas lideranças frente aos não indígenas, que estão na região causando problemas e desrespeitando o regimento interno das comunidades.

Conforme relatos das lideranças indígenas, todas as regiões estão sendo afetadas pelo mesmo problema, invasão, secas e queimadas.

O Coordenador regional do Surumu, Walter de Oliveira, afirmou que a seca tem castigado toda região.

"Não temos maniva, para plantar vamos ter que buscar sementes tradicionais em outras regiões", ressaltou Oliveira.

Também parte da T.I Raposa Serra do Sol, a região Raposa tem sido cobiçada pelo garimpo ilegal, Alencar Gomes, coordenador da região abordou o problema.

A coordenadora de mulheres da região das Serras, Elinha Macuxi, reforçou o empoderamento da mulher indígena, fazendo atividades que são feitas pelos homens, ela destacou o trabalho feito em prol das mulheres da Serras.

"Estamos levando informações sobre a violência contra à mulher, pretendemos atuar nos nove centros, nos queremos fazer esse trabalho com jovens e homens também", ressaltou Macuxi.

A Região Serras tem 78 comunidades 9 sub centros, com cerca de 12 mil indígenas vivendo na região.
Nos temos os pontos de vigilância e monitoramento, enfrentando situações de garimpo ilegal, temos denunciados as autoridades, mas, não tivemos respostas", afirmou Amarildo.

Baixo Cotingo, não diferente das demais regiões, passa pelo momento de crise devido as queimada descontrolada, por lá, a política partidária é enfrentada pelas lideranças como um divisor de águas.
A vigilância territorial é feita pelos próprios moradores, conforme explicou Elia Lima.

"Nós somos desrespeitados na nossa própria casa, já vimos drones sobrevoando a região, Acampamentos em cima da serra, já denunciamos, mas, pedimos apoio do CIR e de todos para reforçar o trabalho de proteção ao nosso território", pediu a liderança.

A coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira( COIAB), Fundo Podale, Terra Brasilis, Niatero, Unicef.

Cada um reforçou a parceria das instituições junto ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) e aos povos de Roraima.

Ao final do primeiro dia de assembleia foi apresentado as atividades dos departamentos do Conselho Indígena de Roraima (CIR), desenvolvidas nas comunidades.

https://cir.org.br/site/2024/03/12/liderancas-destacam-seca-e-queimadas-no-primeiro-dia-da-assembleia/
PIB:Roraima/Lavrado

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