PF avalia entrar em terra indígena no Pará onde Kayapós dizem ter detido garimpeiros

g1 - https://g1.globo.com/pa/para/noticia - 21/05/2022
PF avalia entrar em terra indígena no Pará onde Kayapós dizem ter detido garimpeiros
A informação foi apurada pela TV Liberal junto a fonte na PF. A retirada dos invasores será feita a partir da "Operação Guardiões do Bioma".

Por Taymã Carneiro, Fabiano Villela,TV Liberal, g1 PA - Belém
21/05/2022 20h30 Atualizado há um dia

A Polícia Federal (PF) avalia entrar na Terra Indígena (TI) Baú, no sudoeste do Pará, onde indígenas kayapó dizem ter detido garimpeiros que tentavam reativar uma área de mineração ilegal dentro do território. Segundo apurou a TV Liberal junto a uma fonte na PF, representantes do órgão sobrevoaram a área da TI neste sábado (21) e avaliam fazer no domingo (22) uma operação para retirar os garimpeiros que estariam no local.

Ainda segundo a fonte, a ação de retirada dos invasores será feita a partir da Operação Guardiões do Bioma, que combate o desmatamento ilegal nos estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso e Rondônia. A operação funciona por meio de ações coordenadas de vários órgãos de fiscalização

Garimpeiros na terra indígena
Indígenas do povo Kayapó afirmam que um grupo de garimpeiros está detido na aldeia, na tentativa de desativar um garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Baú.

Uma liderança afirma que há nove garimpeiros detidos e que "derramamento de sangue pode acontecer a qualquer momento".

Organizações indígenas em contato com os Kayapós informaram que os indígenas querem a presença da Polícia Federal para retirar os invasores detidos. Em nota, a PF disse que tenha confirmar informações sobre o caso antes de realizar operação no local (leia mais abaixo).

Os Kayapós relatam que flagraram os invasores tentando reativar um garimpo conhecido como Pista Nova, que fica dentro da TI - veja o mapa abaixo.

Ainda segundo os Kayapós, o grupo pretendia chegar até um segundo garimpo na região, conhecido como Pista Velha, onde indígenas que estariam dando apoio aos invasores instalaram uma aldeia.

Há risco de conflito entre os próprios indígenas - envolvendo os que apoiam o garimpo e os que são contra a exploração ilegal, segundo o Ministério Público Federal (MPF).

Segundo informações sobre a aldeia coletadas por organizações indígenas, cerca de 40 indígenas ou mais podem se envolver no conflito.
Área deixada por garimpeiros na TI Baú, no Pará. Foto de outubro de 2018. - Foto: Reprodução / Ascom MPF-PA

O MPF informou, em nota, que acompanha a situação tensa na Terra Indígena Baú e que acionou as polícias Federal (PF) e Civil do Pará (PC) a fim de que tomem providências urgentes.

O MPF requisitou à PF que seja utilizada uma aeronave da operação "Guardiões do Bioma", conduzida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para realizar uma ação imediata na área indígena.

Em nota, a PF disse que tomou conhecimento do assunto e que "está buscando a confirmação mínima dos dados". Caso confirmado, a corporação disse que realizará operação no local.

A Polícia Civil do Pará, também acionada pelo MPF, disse que "irá atuar dentro de suas atribuições no caso".

O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), informou "que mesmo sendo de responsabilidade da Polícia Federal, por se tratar de área da União e conflito envolvendo comunidade indígena, foi solicitado apoio e a Polícia Civil está atuando dentro das atribuições que cabem ao Estado".

Já a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que acompanha o caso na Terra Indígena Baú, no estado do Pará, por meio da Operação Guardiões do Bioma. A Funai também disse "que tem atuado continuamente em ações de fiscalização em Terras Indígenas de todo o país em articulação com os órgãos ambientais e de segurança pública".

Terra Indígena Baú

Homologada em 2008, a TI Baú é habitada por aproximadamente 188 indígenas de dois povos: Pu´rô, que são isolados, e os Kayapós.

A área, de aproximadamente 1,5 milhão de campos de futebol, fica dentro do território do município de Altamira, segundo o Instituto Socioambiental (ISA).

A localidade não possui rede de internet ou telefone e a comunicação só é feita via rádio amador por meio de frequência.



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PIB:Sudeste do Pará

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