Funai quer apoio da Força Nacional em região onde índigena foi morto no Maranhão

G1 - https://g1.globo.com - 04/11/2019
Coordenador em Imperatriz diz que busca a ajuda do efetivo que está em operação no Pará na ocupação do território pelos próximos seis meses. Medida ocorre após emboscada que resultou na morte do índio e madeireiro na região.

O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Imperatriz, Guaraci Mendes, anunciou nesta segunda (4) que a presidência da fundação deve pedir a ajuda da Força Nacional para ocupação da região onde o índio Paulo Paulino Guajajara foi morto durante uma emboscada na última sexta (1o).

Um madeireiro também morreu na troca de tiros. O índio Laércio Guajajara foi atingido por dois tiros, mas conseguiu fugir e se recupera bem. O caso aconteceu na Terra Indígena Governador, próximo a Terra Indígena Araribóia, no sudoeste do Maranhão.

"Infelizmente, depois do acontecido, a gente mobilizou aqui a sede, as forças policiais a andarem com essa Ação Civil Pública (ACP) que ocorre desde 2016 que prevê o emprego de forças federais na região. A nossa intenção é aproveitar o efetivo da Força Nacional que está em operação no estado do Pará para que eles estendam a permanência e venham ocupar o território pelos próximos seis meses. Estamos trabalhando com essa possibilidade a nível federal. A nível estadual, o secretário Jefferson Portela já deixou um efetivo a disposição. Já existe desde a sexta-feira (1o) um policiamento ostensivo com agentes da Funai e indígenas acompanhando", afirmou Guaraci.

Segundo Laércio Guajajara, cinco homens armados fizeram uma emboscada para matar os dois líderes dos Guardiões da Floresta, um grupo de indígenas que atua na vigilância da terra contra a ação de madeireiros.

"A gente já fez muitas denúncias. Alertou muitas vezes às autoridades, mas, nada feito, né? Com ele já 'é 5 guerreiro' que tá morrendo e tá ficando impune, todas essas mortes aí", afirmou Laércio ao documentarista Ticiano Brito, que está produzindo um filme sobre os Guardiões da Floresta.

Nesta segunda (4), o Governo do Maranhão decretou a criação de uma força-tarefa para que as forças estaduais de segurança atuem em parceria com os órgãos federais para proteger a reserva e os índios. Além disso, agentes da Polícia Federal passaram o dia dentro da mata na procura de pistas dos assassinos.

Conflito já era alertado

Guaraci Mendes disse ainda que já vinha alertando o Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre o risco de conflitos na área.

"A gente já havia dando ciência a um bom tempo e infelizmente não foi atendido, seja por falta de contingente, seja por falta de verba, infelizmente, ou enfim seja por não darem a devida importância", declarou.

O secretário de Estado dos Direitos Humanos, Francisco Gonçalves, também reclamou da falta de diálogo com o Governo Federal. Um documento foi enviado por ele em 23 de setembro, relatava ao Ministério da Justiça a situação de extremo risco do qual índios da Terra Indígena Governador, localizada a 93 km de onde ocorreu o crime, estavam sofrendo.

Nesta segunda (4), lideranças indígenas de todo o Maranhão protestaram em Imperatriz, cidade que concentra as investigações sobre o crime. Eles cobraram mais agilidade na apuração do caso.

"Hoje o clima é de tensão, e medo nas aldeias. E hoje o que a gente clama é por Justiça", contou Fabiana guajajara, líder indígena.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário, dos cinco líderes indígenas assassinados no Maranhão nos últimos três anos, dois faziam parte dos Guardiões da Floresta.





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PIB:Goiás/Maranhão/Tocantins

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