Buíque recebe o II Fórum Nacional de Museus Indígenas

Fundaj- http://www.fundaj.gov.br - 11/08/2016
Foi na década de 90 que surgiram as primeiras iniciativas de protagonismo indígena na construção de seus processos museológicos. O Museu Magüta, considerado o primeiro museu indígena no Brasil, foi fundado pelos povos Ticuna, em 1990, e foi projeto pensado e gerido pela própria comunidade. A segunda iniciativa surgiu em 1996, com o Museu dos Kanindé, no Ceará e, a partir de 1997, o Museu Kuahí, dos povos indígenas do Oiapoque.

Desde então, o movimento têm se articulado e crescido cada vez mais no território brasileiro, sobretudo por meio de atividades e eventos que buscam alimentar esta rede, como o Fórum Nacional de Museus Indígenas, que terá sua segunda edição entre 16 e 20, no território indígena Kapinawá, no município de Buíque (PE). O encontro tem por objetivo reunir representantes de povos indígenas que desenvolveram processos museológicos em suas regiões, para a troca de saberes e experiências.

O evento é uma iniciativa da Rede Indígena de Memória e Museologia Social no Brasil e também conta com o apoio de Museu do Homem do Nordeste, do Instituto Brasileiro de Museus e o Museu do índio/ FUNAI - RJ. Entre a programação, o Fórum contará com rodas de conversa, palestras com pesquisadores da museologia social e representantes dos museus de povos das regiões Norte a Sul.

Este ano, o Fórum acontece junto ao III Encontro de Museus Indígenas em Pernambuco, evento bienal organizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade (UFPE), que reúne pesquisadores, indígenas e gestores públicos para dialogar sobre coleções etnográficas, museus indígenas, acervos indigenistas, processos museológicos colaborativos, formação de acervos, qualificação técnica para a gestão museológica, articulação em rede e políticas públicas no diálogo com o Estado.


Aproximação do Muhne com práticas muselógicas comunitárias


Para Alexandre Gomes, um dos organizadores do Fórum, é interessante para o Museu colaborar para o fortalecimento destas iniciativas porque a instituição se repensa enquanto museu etnográfico antropológico. "Uma das principais discussões que temos feito hoje, na Museologia Social e na Antropologia são os limites da representação etnográfica nos museus antropológicos e histórico tradicionais. Como se consegue representar estas populações?", questiona o pesquisador.

"Para o Museu, se repensar enquanto instituição neste contexto atual, no qual os próprios povos formam suas coleções, constroem seus museus e gerenciam seus processos de patrimonialização, é uma verdadeira revolução interna dentro das instituições", pontuou Alexandre.

Para o pesquisador, o Museu, ao reconhecer esta diversidade, está apoiando o fortalecimento destes processos museológicos comunitários e se reinventa, a partir do momento que identifica estas populações não apenas como participantes no sentido de doadoras de objetos, mas protagonistas ativos também dos seus próprios projetos de memória: "Quando nós passamos a reconhecer que aquelas populações também devem opinar sobre aqueles acervos, sobre as políticas de memória, as práticas de colecionamento, as formas expositivas e as propostas educativas que estão sendo desenvolvidas, a gente está trazendo a visão delas para esta instituição", completa o pesquisador.

Desde 2014, por meio de uma consultoria prestada pela Unesco, o Museu do Homem do Nordeste têm articulado uma rede de aproximação de práticas comunitárias museológicas.



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