MPF investiga situação degradante em aldeias

Gazeta do Povo (Curitiba - SP) - www.gazetadopovo.com.br - 16/06/2013
O Ministério Público Fe­­deral (MPF) instaurou 45 procedimentos administrativos e um investigatório criminal após verificar as péssimas condições de vida dos índios guarani em Guaíra e Terra Roxa, na Região Oeste do Paraná. Outros 10 inquéritos policiais foram requisitados.

A edição de ontem da Gazeta do Povo mostrou que a indefinição do governo federal na demarcação de terras indígenas e o não cumprimento de pedidos de reintegração de posse de áreas ocupadas aumentam a tensão entre proprietários rurais e índios avá-guarani na região.

A medida foi tomada pelo MPF após uma visita técnica dos procuradores da República Lucas Bertinato Maron e Henrique Gentil Oliveira a 13 aldeias na região, nos dias 4 e 5 de junho.

Conforme o relatório feito pelos procuradores, em apenas 3 das 13 áreas os indígenas contam com água potável. Há casos de aldeias onde os guaranis bebem água de mananciais, alguns contaminados por agrotóxicos e fertilizantes.

A falta de acesso à educação é outro problema. Em apenas uma aldeia as crianças têm condições plenas de estudo. Os procuradores também relatam a existência de atitudes racistas em relação aos índios que frequentam escolas da rede pública, com episódios de agressões psicológicas e corte da merenda escolar como forma de castigo. Colegas não-índios acusam os guarani de querer "tomar" a cidade, conforme o MP. Em razão da hostilidade, os casos de suicídios começaram a ser frequentes entre os jovens. Dois casos foram registrados nos últimos seis meses.

A dificuldade para encontrar trabalho também foi constatada pelos procuradores. Conforme os índios, após o acirramento do conflito muitos perderam o emprego em cooperativas, empresas e residências. Nas visitas técnicas foi relatado ao MPF que empresas de médio porte teriam demitido todos os empregados de etnia guarani de uma só vez, como forma de represália aos indígenas por estarem postulando a demarcação de terras.

"A população está contra nós. Mas não entende que nossa luta é contra o fazendeiro. Não queremos tirar o que é deles, mas que se cumpra o prometido", diz a professora da Aldeia Yhovy, Paulina Martines.

Paulina morava em Gua­­rapuava, mas como lá não havia mais espaço para os guaranis pelo fato de a área ser dominada por caingangues, resolveu lutar por terra em Guaíra. Ela diz que a postura de cobrança dos indígenas hoje é mais forte porque eles estão mais instruídos e têm informações sobre política e legislação.

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