Governador do Ceará quer reverter cancelamento da refinaria Premium II

Brasil Econômico - www.brasileconomico.ig.com.br - 05/02/2015
Uma semana após o anúncio da decisão da Petrobras, Camilo Santana (PT) embarca para Brasília para tentar negociar com Dilma a viabilização do projeto


São Paulo - Uma semana depois do anúncio do cancelamento da obra das refinaria Premium II no Ceará, o governador recém-eleito Camilo Santana (PT) embarcou para Brasília na esperança de ser recebido pela presidente Dilma Rousseff em audiência, com objetivo de reverter a decisão da estatal.
"Compreendemos que o cenário mundial na área do petróleo é muito ruim, o preço barril de petróleo despencou, muitos investimentos no mundo todo estão retroagindo, mas entendemos também que isso é um momento que o setor está vivendo. Nós queremos continuar em diálogo e buscar alternativas para garantir a refinaria, até porque o Ceará fez toda a sua parte. Vamos discutir. Eu sou muito otimista, não vou desistir nunca", afirmou Santana.

O governador cearense disse que foi surpreendido pela notícia divulgada na semana passada e, assim que soube do anúncio,ligou para o ministro da Casa Civil e para a diretoria da Petrobras para pedir explicações. "Os prejuízos do cancelamento da refinaria são imensuráveis, não apenas pelos investimentos realizados na aquisição do terreno ou na melhoria na infraestrutura, mas também pelo prejuízo de todo um planejamento que vinha sendo feito pelo estado, das universidades que já vinham desenvolvendo cursos especializados e a construção de um centro de capacitação do trabalhador voltado para a área da petroquímica", argumenta.

Segundo estimativas do governo do Ceará, ao longo de oito anos, o Estado investiu cerca de R$ 650 milhões para viabilizar a construção da refinaria. Adquiriu um terreno de 2 mil hectares, instalou linhas de transmissão de energia, faixas de dutos de e oleodutos, realizou obras viárias, desapropriou terras e até realojou uma comunidade indígena que vivia na localidade, criando uma reserva chamada Taba dos Anacê.

Quando anunciou o cancelamento do projeto, a Petrobras alegou que o engavetamento das obras das refinarias Premium I e II, no Maranhão e no Ceará, respectivamente, estavam baseados nos resultados econômicos da empresa, nas previsões negativas do mercado e na falta de parceiros para viabilizar os empreendimentos. Mesmo assim, a petroleira se comprometeu em ressarcir os estados e municípios prejudicados.

No Maranhão, o governador Flávio Dino em nota oficial lamentou a decisão. "Estamos prontos para dialogar com a Petrobras sobre a retomada de investimentos no Maranhão, sendo sanados os erros técnicos do projeto original. Seguiremos trabalhando em sintonia com o Governo Federal para que o estado receba projetos que efetivamente tragam desenvolvimento para todos", disse. Mas, em entrevista concedida ao Brasil Econômico em novembro, Dino já havia demonstrado seu ceticismo em relação ao projeto. "A refinaria foi uma tentativa do senador Sarney e do ministro Edison Lobão de impor uma agenda, a partir dos seus interesses políticos, mas não havia um planejamento real. Infelizmente, isso consumiu R$ 1,5 bilhão", disse na ocasião.

No Ceará, o cancelamento da refinaria causou indignação. "No fundo o projeto sempre suscitou desconfianças por causa dos seus frequentes adiamentos", diz o economista Ricardo Eleutério Rocha, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Em consonância, Beto Studart, presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), diz que o cancelamento da obra foi um balde de água fria. "A refinaria é um sonho acalentado há mais de uma década pelos cearenses. Se fosse concretizada, elevaria em 40% o PIB do Ceará e em 45% a renda per capita cearense. Os cearenses se sentiram golpeados pela Petrobras, que manipulou nossas esperanças para atrair votos por três eleições", dispara.

Para Bruno Iughetti, consultor das áreas de petróleo e energia, a decisão de construir a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a Premium I, no Maranhão, foram baseadas em razões políticas. "Mas a refinaria Premium do Ceará obedecia todos os critérios de viabilidade econômica por causa das facilidades do Complexo Portuário de Pecém e da localização estratégica do Ceará, que está equidistante da refinaria do Amazonas e do Rio de Janeiro. Para mim, o cancelamento da Premium II foi um erro estratégico da Petrobras", defende.

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