O casamento das índias juma gerou polêmica internacional

Amazônia Real - http://amazoniareal.com.br - 20/10/2013
Antes de deixaram a terra tradicional, os juma conviviam sob risco de extinção da etnia. Não existia homens jovens para os matrimônios com as adolescentes Mborehá, Maitá e Mandei na reserva, em Canutama (AM).

Em março de 1994, a Funai e o Cimi iniciaram um processo de aproximação dos jumas com povos falantes da língua tupi-guarani.

O antropólogo Gunter Kroemer (1939-2009), do Cimi, acompanhou um encontro das juma com índios parintintin na região de Joari Tapuí, no município de Lábrea (AM). Ele defendia relação inter-étnica com a autonomia preservada das duas etnias.

O encontro das juma com os parintintin desagradou a Funai, como esta repórter relatou à época ao jornal O Estado de S. Paulo. O sertanista Sydney Possuelo, então coordenador do Departamento de Índios Isolados, e o indigenista Adolpho Kilian Kesselring, questionaram na reportagem as diferenças culturais dos povos.

A falta de maridos para as juma acabou virou notícias nacional e internacional. Kilian Kesselring concedeu uma entrevista para a revista francesa "Actuel", da qual o título foi "Tribo procura guerreiro". O anúncio provocou uma enxurrada de cartas enviadas de várias parte do mundo à Funai de Brasília. Jovens americanos, por exemplo, apresentaram propostas de casamentos às juma.

Na ocasião, Kilian Kesselring disse que a revista deturpou suas palavras sobre a falta de maridos. Mas, seus colegas da Funai preferiram demonizá-lo, o que acabou provocando sua demissão do Departamento de Índios Isolados.

Procurado pelo portal Amazônia Real, o indigenista Adolpho Kilian Kesselring, afirmou que está preparando um documento histórico sobre seu trabalho com os juma, razão pela qual irá se posicionar em outro momento.


Casamento com uru-eu-wau-wau gerou 12 filhos

Em 1999, a Funai iniciou um processo de relacionamento das juma com a etnia uru-eu-wau-wau de Rondônia. Segundo informações da Funai e da ONG Kanindé, as jumas já tiveram 12 filhos de casamentos com os uru-eu-wau-wau.

Mborehá Juma, hoje com 32 anos de idade, casou com Erowak Uru-Eu-Wau-Wau e tiveram quatro filhos. Quando chegou à aldeia do Alto Jamari, ela já tinha uma filha de um seringueiro, resultado da exploração sexual que sofreu na aldeia.

Segundo o indigenista Leonardo Cruz, da ONG Kanindé, a criança que de Mborehá foi criada por missionários evangélicos, sem autorização dos juma.

Maitá Juma, 29, casou com Puruwá Uru Eu Wau Wau, e tiveram quatro filhos. Ele morreu depois de atingido por um raio, em 2009. Ela casou com Puruen, com quem teve mais um filho.

Mandei Juma, 27,casou com Kuari-Uru-Eu-Wau Wau. O casal, que tem três filhos, se encontra atualmente separado.

A Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Funai afirma que casamentos inter-étnico são comuns na Amazônia. "A diferença é que esses dois grupos (juma e uru-eu-wau-wau) não se conheciam, eram absolutamente estranhos", afirma o coordenador Carlos Travassos.

O casamento entre juma e uru-eu-wau-wau, segundo ele, trouxe um certo clima de rivalidade entre as etnias. Mas, as diferenças são consideradas naturais.

Travassos disse que os jumas não abordam o tema extinção da etnia, mas podem ter aceitado o casamento como estratégia para garantir a continuidade familiar.



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PIB:Juruá/Jutaí/Purus

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