Indígenas do Alto Solimões querem combater pesca predatória com projeto de manejo

A Crítica (AM) - http://acritica.uol.com.br - 22/07/2011
Entre as espécies que mais estão em fase de desaparecimento estão tambaqui, pirarucu e tucunaré

Para impedir o avanço da pesca predatória em suas terras, indígenas da região do município de São Paulo de Olivença (982 quilômetros de Manaus) se articularam para conseguir apoio técnico e financeiro a execução do projeto Gestão e Manejo da Pesca. As atividades serão realizadas nas Terras Indígenas Tikuna Éware 1 e Éware 2.

Há quase dez anos, os indígenas do Alto Solimões sentem o impacto da falta de peixe. Entre as espécies que mais estão em fase de desaparecimento estão tambaqui, pirarucu e tucunaré.

A articulação institucional foi realizada esta semana em Manaus por representantes da Associação dos Caciques Indígenas de São Paulo de Olivença (Acispo), com apoio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind).

O objetivo é apoiar o manejo comunitário dos recursos pesqueiros, de modo a suprir o consumo local do produto nas comunidades e a comercialização do excedente a preços justos.

O projeto é financiado pelo Governo do Amazonas, por meio do Proderam, e executado pelo Laboratório de Manejo de Fauna (LMF), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

A cooperação técnica é da Seind. "É resultado do projeto de pesquisa realizado em parceria entre Seind e Inpa há três anos, com financiamento da Fapeam", afirma o titular da Seind, Bonifácio José Baniwa. "Agora estamos vendo o resultado dessa pesquisa, mas a demora foi grande para realizá-la, pois precisamos de autorização da Funai/Brasília e do CNPQ", observa.

Mais de 4 mil famílias de 72 comunidades serão beneficiadas diretamente e a atividade abrange 17 mil indígenas dos povos Tikuna, Kokama, Cambeba e Caixana, distribuídos em São Paulo de Olivença e Benjamim Constant, ambos localizados na região da tríplice fronteira: Brasil, Colômbia e Peru.

Demandas

A concepção do projeto - cujo valor total é de R$ 608 mil, oriundos do Banco Mundial (Bird) - surgiu a partir de demandas da população indígena tikuna da Mesorregião do Alto Solimões, apresentadas à extinta Fundação Estadual dos Povos Indígenas (Fepi) e ao Inpa em meados de 2003.

A Acispo foi criada em 2004 e funciona na comunidade indígena Campo Alegre. De acordo Danilo Tikuna, todas as instituições visitadas prometeram ajudar no projeto.

Para 2012, a Seind acenou com a possibilidade de apoio na questão de logística, como transporte de técnicos e alimentação para a realização das oficinas.

O Cetam deverá realizar cursos de capacitação, entre os quais, aqueles destinados aos jovens indígenas. Já o Sebrae poderá fazer um trabalho específico com as lideranças indígenas..

Oficina

Os indígenas de São Paulo de Olivença (a 988 quilômetros de Manaus) vivem da agricultura e da pesca. Durante a 5ª. Oficina sobre Gestão e Manejo da Pesca nas Terras Indígenas Tikuna Éware 1 e Éware 2, realizada entre os dias e 2 e 4 de junho na aldeia Campo Alegre, eles definiram as regras para o manejo do pescado na região.

Para agosto está previsto o curso de capacitação com as lideranças indígenas e as pessoas interessadas em trabalhar com manejo, que será feito em duas etapas: um na sede de São Paulo de Olivença e outro na Aldeia Campo Alegre.


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PIB:Solimões

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