No Maranhão, índios nômades saem da floresta para provar que existem

Globo Amazônia - http://www.globoamazonia.com - 03/08/2010
Índios da etnia awá-guajá estão acampados em frente à prefeitura do município de Zé Doca, no Maranhão. Eles pedem agilidade na demarcação das terras da reserva.

Os awá-guajá são caçadores-coletores, dependem exclusivamente da floresta para sobreviver.
Eles estão entre os últimos índios nômades do planeta, segundo o Cimi, Conselho Indigenista Missionário.

Os awá vivem isolados em pequenos grupos no que restou da floresta amazônica do Maranhão. Cerca de cem índios, organizados pelo Cimi e pela Igreja Católica, saíram da floresta, a maioria pela primeira vez, para mostrar que existem.

Os índios montaram acampamento no centro do município de Zé Doca, no oeste do Maranhão. A ocupação seria uma reação contra o prefeito do município, que, numa estratégia para barrar a demarcação das terras indígenas, teria negado a existência das tribos nômades.

"A gente quer se amostrar que o índio existe. Tem várias pessoas que não conhecem que não existe índio existe, mas existe", disse Taka Iu, índio awa-guaja.

Em 1985, uma área com 232 mil hectares foi declarada como território awa. Em 2002, quando a terra foi demarcada, apenas 117 mil hectares foram destinados para reserva indígena.

A Justiça Federal em 2005 determinou a saída de todos os não-índios da reserva. Mas a prefeitura de Zé Doca entrou com mandado de segurança e o Tribunal Regional Federal em Brasília decidiu manter os não-índios até o julgamento final do conflito.

"Que isso seja feito de um jeito que a minha população também seja lotada no seu lugar. Que 18 mil hectares de cento e tantos mil hectares eu acho que não é pedir demais", defende Raimundo Sampaio, prefeito de Zé Doca.

A ação dos madeireiros também seria uma ameaça á sobrevivência de pelo menos 60 índios awa-guajá que ainda não foram contatados.

"Se eles permanecem a se deslocar pela floresta, riscos de vida há com relação a ataques contra essa população", alerta Rosana Diniz, coordenadora do CIMI.

Enquanto aguardam uma solução para o conflito os índios fazem seu ritual pedindo proteção. A ida para o céu é o ritual mais importante para os awa-guajá. Eles evocam os espíritos dos antepassados para que protejam a vida na terra.

De acordo com o CIMI, dez mil famílias estariam ocupando ilegalmente a área da reserva.

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PIB:Goiás/Maranhão/Tocantins

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