VÍDEO: Mulher morre em conflito entre invasores e indígenas no PA; caminhão e trator foram incendiados

G1 - https://g1.globo.com/pa/para/noticia/ - 14/09/2021
VÍDEO: Mulher morre em conflito entre invasores e indígenas no PA; caminhão e trator foram incendiados
Guerreiros Tembé encontraram toras de madeira deixadas por madeireiros, que adentraram floresta fechada na Terra Indígena Alto Rio Guamá.

Por Taymã Carneiro, João Pedro Bittencourt, TV Liberal, G1 PA - Belém
14/09/2021

Uma mulher morreu em um conflito entre indígenas e invasores dentro da Terra Indígena Alto Rio Guamá. Um caminhão e um trator foram incendiados, depois que várias toras de madeira foram encontradas pelos indígenas dentro da reserva, localizada no nordeste do Pará.

De acordo com a Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), a mulher estava acompanhando um homem em um barco na noite de segunda (13), quando foram abordado por cerca de 30 indígenas da etnia Tembé-Tenetehara, que fazem a proteção do território. Ao perceberem que o piloto estava com uma espingarda, houve confusão e tiros foram disparados. A mulher atingida morreu no local.

O Ministério Público Federal (MPF) disse que está atuando para evitar o conflito na região e solicitou atuação da Polícia Federal. Ao Ministério Público do Estado (MPPA), o órgão também pediu que a Polícia Militar fosse acionada e que a Polícia Civil informada da morte.

O caso ocorreu por volta das 19h, quando guerreiros Tembé receberam informações de invasão de madeireiros, que adentraram a floresta fechada a 12 km da Vila do Cristal, na fronteira da cidade de Viseu, às margens do rio Piriá.

Em nota, o povo Tembé disse que "área indígena, devidamente homologada e demarcada, vem sofrendo invasões há décadas" e que "a luta do povo Tembé foi, fundamentalmente, uma briga para manter seu território longe de invasões sustentadas pelo próprio Governo do Brasil".

Ainda segundo os indígenas, a Funai estabeleceu desde junho um grupo de trabalho para implementar o Plano Operacional de Extrusão na área, mas os indígenas "vem buscando por conta própria alternativas de proteção do território e das vidas".

"Esperamos que os poderes públicos, das esferas federal, estadual e municipal, cumpram o seu papel e estejam de perto acompanhando e tocando esta situação de forma justa", afirmam os indígenas, em nota.

A Polícia Civil disse que registrou o homicídio e que, segundo as primeiras informações, a morte foi ocasionada por tiro de arma de fogo. A remoção do corpo foi solicitada ao Instituto Médico Legal (IML).

A PM foi acionada para manutenção da ordem na área, e também a Polícia Federal, já que o crime teria sido praticado dentro de território da União. A PF e a Fundação Nacional do Índio (Funai) ainda não se manifestaram sobre o caso.

Conflitos
Na TI Alto Rio Guamá, que abrange 279 mil hectares dos municípios Garrafão do Norte, Santa Luzia do Pará, Nova Esperança do Piriá e Paragominas, vivem aproximadamente 1.425 indígenas dos povos Guajá, Ka'apor e Tembé, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA).

Tornada oficial desde 1945, a reserva teve processo de regularização iniciada nos anos 70 quando se intensificaram os processos de invasões por empresários, fazendeiros e posseiros.

A demarcação do território foi homologada pelo governo federal em 1993. Um dos principais problemas da região é o intenso roubo de madeira a partir de 2011, ocasionando em série de protestos e confrontos diretos com madeireiros.


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PIB:Sudeste do Pará

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