Agroecologia indígena é tema de dia de campo

Embrapa - https://www.embrapa.br - 03/10/2017
Um dia de campo realizado na aldeia Lalima, no município de Miranda (MS), dialogou com representantes de tribos indígenas locais a respeito dos saberes de agricultura familiar transmitidos por gerações nessas comunidades, assim como os conhecimentos científicos que podem aprimorar esses processos produtivos. O evento "Arranjos socioprodutivos como estratégia de etnosustentabilidade econômica, cultural e ambiental" ofereceu oficinas e giros tecnológicos gratuitamente a agricultores familiares, técnicos, professores e estudantes por meio de uma parceria entre Embrapa Pantanal, Organização Caianas, UEMS, Programa Rede de Saberes, SFA-MS e Semagro.

"O evento busca alternativas para o plantio e para promover a segurança alimentar nessas comunidades", diz o chefe-geral da Embrapa Pantanal, Jorge Lara. Os pesquisadores Frederico Lisita e Raquel Soares, ambos da unidade pantaneira de pesquisa, ministraram a palestra ´Alimentos alternativos para galinhas caipiras em sistemas produtivos indígenas´ durante o evento.

"Nosso objetivo é colocar as tecnologias à disposição do conhecimento e das demandas dessas populações. Nesse contexto, contribuímos com técnicas e práticas agroecológicas, prezando pelo uso mínimo ou inexistente de defensivos agrícolas e aditivos. Buscamos também a integração da biodiversidade e o uso do conhecimento tradicional que eles têm associado ao nosso conhecimento técnico, preservando o protagonismo das comunidades", afirma Lara.

Leosmar Antonio, da etnia Terena, é o atual coordenador da Organização Caianas, envolvida na realização do evento. "Um momento como esse dá a oportunidade para formar, trazer à comunidade conhecimentos técnicos que as instituições parceiras desenvolvem", diz o coordenador. "São tecnologias imprescindíveis, hoje, para pensarmos a sustentabilidade dentro do contexto atual vivenciado por essas comunidades".

O indígena Mario Ney, coordenador da escola estadual Professor Atanásio Alves, foi um dos palestrantes e também atuou na coordenação do dia de campo. "Existem caminhos alternativos para as práticas de produção, como a agroecologia. Quando a gente fala desses temas, abordamos, principalmente, autonomia e sustentabilidade", conta. "E aí está o grande diferencial da agroecologia indígena: não é uma prática técnica, apenas. Ela inclui os elementos tradicionais e culturais das comunidades".


Temas


Além das práticas agroecológicas e técnicas para produção, sanidade e alimentação animal, as atividades do evento também incluíram giros tecnológicos por hortas locais, discussões sobre gestão ambiental e territorial de terras indígenas e a criação do 57o Banco Comunitário de Sementes Crioulas e Adubos Verdes na Terra Indígena Lalima pela Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do MS (SFA-MS). "São as sementes tradicionais, cultivadas há 20, 40 anos, que não sofreram mutação genética a não ser por cruzamento de pólen", diz Valter Loeschner, agente de atividade agropecuária do MAPA. "Além do resgate cultural, buscamos a promoção da segurança alimentar".

Gilmar Vieira foi escolhido como um dos responsáveis pelo plantio e manutenção desse material. "Para nós, compensa trabalhar com as crioulas para não perder as sementes que tinha no passado". Ele diz que, atualmente, cerca de 70% das famílias da comunidade trabalham com o plantio de milho, arroz, feijão e outras culturas. Alípio Vieira, também da etnia Terena, faz parte da Organização Caianas. Atualmente, planta maracujás e outros alimentos em sua horta. "Fazemos outra vez o que fazíamos: plantamos milho, mandioca, feijão na nossa área, voltando às práticas tradicionais". Ele conta que os conhecimentos com os quais teve contato no dia de campo serão levados para outros agricultores, compartilhando as técnicas que podem aprimorar o trabalho da comunidade.



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PIB:Mato Grosso do Sul

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