Funai e ICMbio negociam liberação de servidores retidos em reserva no AC

G1 - www.g1.globo.com - 18/07/2015
Servidores dos órgãos estão retidos desde quarta-feira (15). 'Liberação deve ser feita em breve', afirma Funai.


Em resposta as reivindicações dos indígenas da etnia Nawa, que retiveram quatro servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMbio) dentro de uma aldeia no Parque Nacional da Serra do Divisor, os órgãos enviaram ao cacique da aldeia, João Souza Denis, conhecido como João Nawa, uma carta para agendamento de uma negociação entre as instituições e os indígenas. O documento deve ser analisado pelos indigenas ainda na manhã deste sábado (18) e a libertação não é descartada.

Entre os detidos estão João Damasceno Filho, que é o administrador do Parque, Marbelita Araceli Rodrigues dos Santos e Rútila Ferreira Lima Silva, prestadoras de serviço ao ICMbio, além de Luiz Valdemir Nukuni, coordenador da Funai na região.

Os índios reivindicam a demarcação da terra. Em nota, o ICMbio explicou que o processo demarcatório da área, que se encontra dentro do parque, "encontra-se judicializado, havendo controvérsias entre Funai e ICMBio quanto ao tamanho da área a ser delimitada, em sobreposição a Unidade de Conservação".

Destacou ainda que as informações locais deixam claro que os servidores não estão sofrendo maus-tratos e que estão hospedados em uma casa de uma família indígena. O ICMbio também afirmou também que a Funai assumiu as negociações e que a expectativa é que os servidores sejam liberados em breve.
A Funai, também por nota, alega que a carta já foi enviada ao povo Nawa e que o documento pretende fechar uma agenda de diálogo entre os indígenas e os órgãos competentes.

Ao G1 por telefone, o cacique da tribo, João Nawa, para quem foi destinada a carta, explica que a possibilidade de liberação dos servidores deve ser informada após a leitura do documento em comunidade.

"A gente está aguardando a chegada deste documento de Brasília. Depois disso, vamos ver a possibilidade de libertá-los. Já leram a carta para mim, mas preciso que a comunidade leia junto comigo, para que a gente saiba como proceder de agora em diante. Se prometerem e não cumprirem, vamos procurar outros meios", destaca.


Entenda o caso


Três servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMbio) e um da Fundação Nacional do Índio (Funai) foram impedidos de deixar a aldeia indígena Nawa, que fica dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor desde a última quarta-feira (15).

O povo Nawa faz parte do tronco linguístico pano e hoje luta para resgatar sua língua materna. Atualmente, a população é de aproximadamente 700 pessoas, divididas em quatro aldeias - Sete de setembro, Zulmira, Aquidabã e Novo recreio - localizadas no Rio Moa, numa área de 83.218 hectares que está em processo de regularização fundiária.

O povo Nawa tinha sido considerado extinto entre os anos 1904 e 1998. Em 1999, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) reconheceu os índios que habitavam à margem direita do Rio Moa, na área do Parque Nacional da Serra do Divisor, como sendo remanescentes dos Nawa. Desde então, se iniciou o processo de reconhecimento étnico e o início da luta pela regularização fundiária do seu território, que culminou com a detenção dos quatro servidores público.

A unidade de conservação da Serra do Divisor tem 8 mil quilômetros quadrados e abrange os municípios de Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumartugo, Porto Walter e Rodrigues Alves. O coordenador do Centro de Formação e Tecnologias do Juruá (Ceflora), Evilásio Santos, avalia que o contato dos alunos com a região da Serra do Divisor e sua biodiversidade foi parte imprescindível para formação na área florestal.

http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2015/07/funai-e-icmbio-negociam-liberacao-de-servidores-retidos-em-reserva-no-ac.html
PIB:Acre

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